O eurodeputado Rui Tavares criou uma bolsa com o seu próprio dinheiro. E anunciou-o. Podia ter feito isso sem o dizer? Podia, mas não era a mesma coisa. Não o digo com ironia. É que não era, mesmo, a mesma coisa. O email que ele me mandou estava ilustrado com uma lâmpada acesa sobre um crânio. Eu sei que com a imagem ele referia-se aos candidatos a bolseiros: que tivessem ideias! Eu se desse bolsas a políticos e Rui Tavares concorresse, ele ganhava já: revelou ter uma lâmpada acesa na cabeça. E porque teve uma boa ideia, e porque ele é político, era obrigação dele dar-nos a conhecer a bolsa que criou (não é próprio dos políticos tentarem convencer-nos das suas boas ideias?) Disse ele ao jornal i: "Convenhamos que é pouco dinheiro." São 1500 euros. Sim, não é enorme, comparado com o volume mensal das bolsas da Gulbenkian. Mas são 1500 euros que ele tira dos 7665 euros (brutos) de salário. Com os descontos, ele dá, vá lá, um quarto do dinheiro que leva para casa. No nosso Parlamento há uma dotação anual de 16 mil euros para o "Grupo Desportivo Parlamentar". Custa-nos 1333 euros por mês a ginástica (bola? corrida?) dos deputados, ginástica (bola? corrida?) cujo custo não nos deveria ser atribuído. Se os 230 deputados ficassem com essa (sua!) despesa, caberia menos de 6 euros a cada um. Rui Tavares dá de si muito mais e ainda por cima põe cérebros a acender-se.
Ferreira Fernandes in http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1586722&seccao=Ferreira Fernandes&tag=Opini%E3o - Em Foco