O Bispo das Forças Armadas diz-se vítima de um “linchamento público”
devido a ter criticado, na última quarta-feira, o primeiro-ministro.
Em declarações ao i, D. Januário Torgal garante serem “falsas”
as notícias de ontem, que deram conta de que ganha quase 4500 euros por
mês – ordenado superior ao de um deputado e o equivalente a nove
salários mínimos nacionais.
“É totalmente falso. Ganho pouco mais de 2500 euros”, garante o bispo, acrescentando que “metade” da sua reforma vai para o Estado. “Depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas”, critica.
“É totalmente falso. Ganho pouco mais de 2500 euros”, garante o bispo, acrescentando que “metade” da sua reforma vai para o Estado. “Depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas”, critica.
O bispo garante ainda que uma reforma de 2500 euros “depois de décadas
de trabalho” não “é nenhuma fortuna” e que a maior parte da pensão que
aufere diz respeito aos anos em que foi professor assistente e regente
na Faculdade de Letras do Porto. “Fui professor desde Fevereiro de 1971 e
até 1989. Saí quando entrei para as Forças Armadas”, explica.
Ontem, o “Correio da Manhã” adiantava que, além da reforma, D. Januário Torgal tem também direito a um conjunto de regalias – como um gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel. “O que também é completamente falso”, assegura o bispo. “Quando pedi a reforma, há quatro anos, abdiquei de tudo isso e nunca tive, sequer, secretária ou motorista”, diz, acrescentando: “E não sou nenhum herói por abdicar dessas regalias. Fiz aquilo que qualquer cidadão deve fazer.”
“Linchamento”
O bispo das Forças Armadas atribui a polémica aos comentários que fez,
na passada quarta-feira, às declarações de Passos Coelho – que, no
balanço de um ano de governo, agradeceu a paciência dos portugueses em
tempos de austeridade. “É evidente que não posso deixar de associar uma
coisa à outra. É uma tentativa de linchamento da minha vida privada”,
considera o bispo. “Só lamento que o governo não me tenha respondido às
críticas, que eram dirigidas não ao salário do primeiro-ministro ou à
sua vida pessoal, mas sim à sua atitude perante os portugueses”, remata.
Na quarta-feira, o bispo das Forças Armadas disse, em entrevista à TSF,
que Portugal, neste momento, “não tem governo”. “E no fim ainda aparece
um senhor, que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro,
dizendo um obrigado à profunda resignação de um povo dócil e tão bem
amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico. Conclusão: parecia
que estava a ouvir o discurso de uma certa pessoa há 50 anos”, referiu. E
acrescentou: “Apetecia- -me dizer: vamos todos para a rua. Não vamos
fazer tumultos, vamos fazer democracia.”
Rosa Ramos, aqui