O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio,
defendeu hoje que as autarquias muito endividadas deveriam ser geridas por uma
comissão administrativa e não ter eleições.
Rui Rio falava na Curia, distrito de Aveiro, como orador convidado da 2.ª
universidade do poder local, organizada pelo PSD Nacional, JSD Nacional e Grupo
Europeu do PSD (GEPSD), em que abordou questões relacionadas com os orçamentos
municipais.
O presidente da Câmara do Porto manifestou o seu apoio às medidas do Governo
para forçar as autarquias a terem uma gestão equilibrada, mas disse esperar que
o PSD seja coerente nas próximas eleições autárquicas e não recandidate autarcas
que fizeram má gestão.
"Estou para ver se o PSD nas autárquicas vai ser coerente e deixa de apoiar
quem geriu mal. Vai o partido ter essa coerência ou dizer que só os do PS é que
geriram mal?", questionou.
Ao dirigir-se a jovens quadros da JSD e possíveis candidatos, Rui Rio
aconselhou a equilíbrio e seriedade na elaboração dos orçamentos municipais, que
na maioria dos casos "estão viciados há muito tempo" em Portugal.
O autarca descreveu que a maioria dos endividamentos excessivos das câmaras
não se deve aos endividamentos bancários mas às dívidas aos fornecedores.
Para fazer despesa, a receita é empolada, sobretudo as receitas
extraordinárias, como a venda de terrenos que depois não se concretiza, ou pelo
menos pelo montante inscrito, explicou.
Rui Rio aconselhou futuros autarcas a criarem "uma almofada" ou "conta-saco",
colocando uma verba "bastante superior" numa rubrica de despesa, que depois
possa ser transferida para outras rubricas se algo correr mal.
O autarca afirmou que é o que tem feito na Câmara do Porto e, mesmo assim, "é
muito difícil se, a meio do exercício orçamental, é retirado cinco por cento do
IMI, como o governo decidiu".
Para Rui Rio, "é indispensável que se vá construindo um fundo de maneio" na
autarquia que se dirige e que as disponibilidades (em receitas a curto prazo,
depósitos à ordem ou aplicações) sejam iguais ao passivo do curto prazo
(sessenta a noventa dias).
"A famosa lei dos compromissos mais não é do que isso, embora admito que
tenha de ter ajustamentos. Obriga no futuro as câmaras a terem esse fundo de
maneio e eu concordo", concluiu.
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