segunda-feira, 14 de novembro de 2011

'FACE OCULTA' ESTIMULA COMÉRCIO AVEIRENSE

Quem faz negócio junto ao Tribunal de Aveiro, onde decorre o julgamento, não podia estar mais feliz. Com 42 arguidos, 52 advogados e 700 testemunhas no processo ‘Face Oculta’, os cafés e restaurantes não têm mãos a medir.

José Fonseca, um dos responsáveis pelo Magestik - café a menos de cem metros do tribunal - reconhece que tem mais clientes desde que começou o julgamento. "A parte da manhã é até complicada. Vêm cá muitos advogados tomar o pequeno-almoço", explica. Também o café Palácio tem recebido intervenientes no processo. José Nogueira, o proprietário, confirma que o caso tem ajudado em tempo de crise: "Não é nada de especial, mas dá para alguns gastos. Por isso, espero que dure muito tempo."

Dois dos principais arguidos, Armando Vara e Manuel Godinho, escolheram o restaurante Bitoque e Francesinha para o almoço, na última sexta-feira. E não são os únicos. Por diversas vezes, advogados e magistrados se dirigem a esse local para saciarem a fome. O dono e o gerente, Hélder Cipriano e Pedro Torres, agradecem. "Podemos afirmar que houve um aumento de 30 a 40 por cento das vendas", garantem.

Os hotéis também ficaram a lucrar, com mais hóspedes nos últimos dias. O Melia Ria, o Imperial e o Moliceiro, na última semana, receberam vários envolvidos no julgamento.

JUIZ DECIDE TRANSCRIÇÃO DAS ESCUTAS
Na próxima semana, o juiz-presidente Raul Cordeiro decide se transcreve para o processo - e aceita como meio de prova - as escutas ouvidas anteontem, que mostram Armando Vara a travar a demissão de um administrador de uma empresa pública, no caso Cardoso dos Reis, líder da administração da CP, em 2009.

O MP defende que as conversas devem ser transcritas já que demonstram o poder de Vara. Tiago Rodrigues Bastos, advogado do ex-ministro do PS, argumenta que as escutas não interessam para o processo.

LOPES BARREIRA ESPERADO
O julgamento do processo ‘Face Oculta' recomeça na manhã da próxima terça-feira, estando programada a audição de Lopes Barreira, antigo dono da Consugal, que está acusado no processo de três crimes de tráfico de influências.

Contudo, a presença de Barreira depende do seu estado de saúde, até porque o arguido, que está a fazer hemodiálise, entregou um documento justificando a sua ausência nas primeiras sessões do julgamento que tiveram lugar no Tribunal de Aveiro. Embora longe da sala do tribunal, Lopes Barreira já foi falado nas audiências pelo amigo Armando Vara. O antigo administrador do BCP apontou responsabilidades ao homem que até menciona José Sócrates numa conversa com José Godinho. "O dr. Lopes Barreira é extraordinariamente meu amigo, mas fala pelos cotovelos. Por isso é que muita gente que nem sequer conheço fala de mim no processo", disse Vara aos juízes.

Catarina Gomes Sousa e Tânia Laranjo, aqui