sábado, 28 de setembro de 2013

CHUVA DE MAIO

NÃO ME ROUBES NEM UM SEGUNDO

Já te disse, este tempo é todo para mim. Caramba! Cada segundo que me tiras para dar ao futuro é como se me desdenhasses. Afinal que marca te deixo que nem segundos me dás?

Não me roubes nem um segundo.

Desses que passávamos a rir quando os nervos atacavam ou o cansaço era muito. Desses que partilharam migalhas ao canto da boca e rebuçados da tosse ao fim da tarde. E dos que nos viram a soluçar, a entristecer, a chorar muito, a embaciar a vista e a adiar a alegria. Sine die.

Também quero daqueles que nos punham zangadas, uma com a outra, sem falar algum tempo, até desaguar num desculpa-me-que-não-sei-que-me-deu, que disparate.

Não, não me roubes nem um segundo, que o que resta é nada disso.

O que resta é só o futuro.

O teu e o meu. Mas já não um só.