sexta-feira, 27 de junho de 2014

OS JUÍZES QUE VIVEM NO PASSADO

Brilhantes cabeças concluiram "viverem no passado" os juízes do Tribunal Constitucional que têm chumbado Orçamentos governamentais e, por isso, "não compreendem o mundo à sua volta".

Quem escolheu os senhores e as senhoras juízas para sentenciar constitucionalidades no Palácio Ratton foram aqueles que olham pelo nosso futuro, veem o mundo na sua grandeza, superiores. 

Sim, quem os escolheu foram os deputados dos grandes partidos (e do CDS-PP), foram os governantes, foi o Presidente da República... Sim, foram eles.


Essa gente, que compreende tão bem o planeta que nos rodeia, terá errado? Terá escolhido mal? Terá, na altura, achado que doutores capazes de olhar para a experiência do passado seria espécie recomendável para obter jurisprudência sensata? Terão alvitrado que o saber, afinal, implica olhar para trás?

E agora, confrontados com o resultado final, lendo a aplicação prática, decidida de beca em plenário, da cultura cívica e jurídica que discutiram, negociaram e elegeram, os nossos governantes constatam que o passado os está a assombrar? E tremem? E lamentam? E protestam?...

Como pode haver gente a viver no passado? Como?! Como se pode governar para quem quer viver com salários do passado? Como se pode governar para quem quer manter o sistema de saúde do passado? Como se pode governar para quem quer as pensões do passado? Como se pode governar para quem quer ter tantas escolas abertas como no passado? Como se pode governar para quem não quer piorar a vida que tinha no passado? 

E porque é que este passado foi há dois dias e todos se lembram dele?

Compreendo-os tão bem. Afinal, o mundo mudou, não é? O mundo agora é daqueles que vivem no presente, no subsídio de desemprego, no salário reduzido, na reforma cortada, no imposto aumentado, no tribunal de penhoras, na cadeira do jardim, na casa da mãe, na emigração, no medo, no psiquiatra, num copo de vinho.

Compreendo-os tão bem. Afinal, o futuro é brilhante, não é? O futuro é dos empreendedores sem dinheiro, dos exportadores sem produto, dos facilitadores sem barreiras, dos inovadores sem ideias, dos investidores sem dinheiro, dos trabalhadores sem trabalho. O futuro é não ter futuro e, depois, logo se vê.

Era bom viver sem passado, não era? Não havia direitos que fossem adquiridos. Não havia leis que não se pudessem mudar. Não havia limites a respeitar. Nem sequer havia dívida para pagar. Era tão mais fácil governar... Malditos juízes!

Pedro Tadeu, aqui