quinta-feira, 21 de julho de 2011

O OURO E O ZÉ POVINHO

Bordallo Pinheiro criou o Zé Povinho para ser o genuíno português, o que "olha para um lado e para o outro e fica como sempre na mesma"; "o paciente, crédulo, submisso, manso, desconfiado".

Um Zé que é tudo e, por isso, também é a contradição.

"É incrédulo, revoltado, resmungão, insolente, furioso, arisco" e tudo o mais que anula e o faz cruzar os braços. Este Zé apareceu em 1875 numa historieta ilustrada de ‘A Lanterna Mágica’ e, porque mudam os séculos mas não muda tudo, era alusiva aos impostos.

Aparecia o então ministro da Fazenda a sacar uma esmola de três tostões para o Santo António de Lisboa (Fontes Pereira de Melo). A esmola repete-se; os protagonistas são outros. O Zé Povinho, o mesmo. O economista João Duque disse que, com os bancos sob suspeita e o imobiliário descapitalizado, "o porto de refúgio é o ouro".

Antigamente, fosse em que berço fosse, quando o bebé nascia, era regra do povo, e por isso regra geral, ofertar-se a pulseira, o fio e, em caso de menina, os brincos no metal cujo preço nos mercados internacionais atingiu ontem o recorde histórico de 1600 dólares por onça. E como tudo se repete neste Portugal de Bordallo, esta é moda a jeito de voltar

Fernanda Cachão, aqui