quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SAÍDA LIMPA?

Na semana passada, não me preocupei tanto com a fuga dos quadros de Miró, marcada por alguns contornos estranhos, como me preocupei com o balanço negativo dos bancos, 2 mil milhões de euros, e admirei-me como é que o caso dos submarinos deu em nada

Tal como os casos da  Freeport, Portucale e Taguspark. 

Eu explico-me: dos quadros só começou a falar-se, quando já tinham saído do país, o que não deixa de ser estranho. Isso levou a que a leiloeira suspendesse o leilão dos mesmos “em pacote”. Esta é mais uma amostra da confusão nacional. 


Como o país e os governos nem sequer sabem preservar o património que temos, talvez não seja assim tão mau. Por outro lado, o país terá de retorno alguns milhões que o Banco sacou ao Estado, isto é a nós, que tivemos de pagar a pulhice de meia dúzia. Acho que temos outros problemas mais graves a resolver, como o desemprego, a economia, o défice. 

Por sua vez, os Bancos, com os créditos mal parados e a crise de que também foram fautores, causam sobressalto, semeiam dúvidas nas poupanças. Quanto ao processo dos submarinos, ora aí está, encerrou sem que o Tribunal da 6ª vara Criminal de Lisboa tenha descoberto quaisquer culpados, absolvendo os dez arguidos, acusados de terem recebido contrapartidas pela compra dos famigerados dois submarinos. 

Mas, ao contrário de Portugal, um país sempre ao contrário, na Alemanha foram condenados dois membros de uma empresa que confessaram ter pago 62 milhões de euros em subornos na venda de submarinos a Portugal e Grécia.

Parece que a economia continua a dar sinais de chegada a bom porto, após um parto de mil dificuldades e sacrifícios: o PIB teve um crescimento de 1,6% no 4º trimestre de 2013 face ao mesmo período do ano anterior, o consumo deu sinais positivos e o desemprego caiu para 15,3%. Estes resultados encorajadores animaram o governo, mas a oposição acusa-o de fazer propaganda e continua a não querer ver a realidade, que de certo modo lhe veio tirar o tapete e o discurso correcto e honesto. 

É bom, mas falta o grande motor, a construção civil. Há quem já fale de uma saída limpa, à irlandesa, prescindindo do Programa Cautelar. 

Todavia, para alguns analistas, isso será medida temerária para Coelho, que pede convergência com o PS, ou Seguro que sempre torce o nariz, sabendo os rapazolas que são, senão tiverem varais.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Fevereiro de 2014