Já todos sabíamos que a câmara
municipal de Oliveira do Bairro não morre de amores pelo uso correcto da língua
portuguesa: custa a crer, mas é verdade!
Basta
aliás, lembrar o que aqui ficou dito a
propósito da inserção de
erros ortográficos crassos em documentos oficialmente emitidos por um município
que tão séria aposta faz na educação.
Eis que agora, naquele que é o registo
para memória futura da presença no concelho do mais alto representante do governo da nação,
onde um acto de Estado foi rebaixado ao mais bacoco e demagógico eleitoralismo político-partidário, o muncípio de
Oliveira do Bairro consigna para a posteridade e em dose dupla (2 placas!) que a ignorância da língua pátria
é, também, uma imagem de marca do seu executivo municipal a qual, logo no momento, não passou incólume ao estupefacto olhar do Dr. Passos Coelho, como se confirma pela envergonhada expressão que o primeiro-ministro ostenta na foto oficial divulgada pelo site municipal.
De facto, apregoar aos quatro ventos
que «temos as melhores escolas da país»
e consagrar, com inadmissíveis erros ortográficos a presença no concelho do primeiro-ministro
do país, mostra a todos que ‘a bota não
bate com a perdigota’.
Numa altura em que o descerramento das
placas, seja de inaugurações seja de reinaugurações, tem lugar cativo na
programação dos eventos que vão proliferando à medida dos interesses eleitorais, só a leviandade e a ligeireza de actuação (ou será que
é mesmo pura ignorância?) podem ter determinado que uma das mais
elementares regras do novo acordo ortográfico (adoptado pelo município nas
comunicações institucionais e que infra se transcreve) tenha sido tão abjectamente ultrapassada.
Parece assim claro que investir numa quantidade desmesurada de equipamentos escolares, só significa ‘investir na educação’ para quem faz do betão armado o instrumento do seu poder!
E se é verdade que, tal como na ocasião referiu o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, 'não é preciso ter equipamentos de luxo para haver uma educação de qualidade", é igualmente verdade que o conhecimento das regras que regulam a escrita da nossa tão maltratada língua pelos titulares dos cargos públicos, pode muito bem começar a ser visto como um verdadeiro luxo: basta estar atento ao teor das mensagens que vão sendo pessoalmente escritas pelos candidatos às nossas autarquias locais, para perceber que não está longe o tempo em que o correcção ortográfica será uma das principais funções dos ocupantes dos gabinetes de apoio pessoal dos nossos futuros autarcas...
Parece assim claro que investir numa quantidade desmesurada de equipamentos escolares, só significa ‘investir na educação’ para quem faz do betão armado o instrumento do seu poder!
E se é verdade que, tal como na ocasião referiu o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, 'não é preciso ter equipamentos de luxo para haver uma educação de qualidade", é igualmente verdade que o conhecimento das regras que regulam a escrita da nossa tão maltratada língua pelos titulares dos cargos públicos, pode muito bem começar a ser visto como um verdadeiro luxo: basta estar atento ao teor das mensagens que vão sendo pessoalmente escritas pelos candidatos às nossas autarquias locais, para perceber que não está longe o tempo em que o correcção ortográfica será uma das principais funções dos ocupantes dos gabinetes de apoio pessoal dos nossos futuros autarcas...
Tendo confirmado à comunicação social que tinha sido convidado para inaugurar dois estabelecimentos de ensino, o Dr. Pedro Passos Coelho esteve, isso sim, envolvido em duas polémicas reinaugurações, numa visita ao concelho de Oliveira do Bairro onde acabou também por ser vítima da incúria (ou será que é mesmo pura ignorância?) de quem o sujeitou a tão inaudita presença.
Há dias assim...
Mas como quem convida para (re)inaugurar pela segunda vez certamente não se fará rogado para convidar para inaugurar por uma terceira vez, aguarda-se que um dia destes o Dr. Passos Coelho regresse às escolas de Troviscal e Bustos, para descerrar placas onde a sua identificação como o primeiro de vários ministros do Governo seja substituída pela designação do cargo que efectivamente exerce: o de primeiro-ministro do governo da república.
Depois da controvérsia suscitada na sua primeira e única presença oficial no concelho, será, com toda a certeza, mais uma (outra!) oportunidade para não mais esquecer Oliveira do Bairro!
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Teor da regra que está na base XV do Novo Acordo Ortográfico: Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.