O cumprimento das regras democráticas nas reuniões do executivo municipal de Oliveira do Bairro faz lembrar aquela velha 'estória' por todos escutada na infância sobre um rei vaidoso que desfilava nú!
Todos nos recordamos dessa 'estória', que gira em torno de um rei que foi enganado por dois aldrabões que, sabendo da sua vaidade, lhe prometeram um tecido tão mágico que apenas as pessoas inteligentes o conseguiriam ver.
Obviamente era um golpe e obviamente quando todos pretendiam reconhecer o 'tal' tecido, ninguém o conseguia ver, todavia em pânico pensavam:
-Se não vejo o tecido, sou estúpido.... E logo lhe gabavam a beleza e esplendor.
Perante o óbvio, mas temendo o ridículo da estupidez, todos, o rei inclusivé, entregaram-se a elogios entusiasmados ao tecido que não existia, e ao grandioso trabalho dos tecelões.
O resto da história também é conhecida: no dia da Pátria, a cidade engalanada, bandeiras por todos os lados, bandas de música, as ruas cheias, tocaram os clarins e ouviu-se uma voz, que anunciou:
- Cidadãos do nosso país! Dentro de poucos instantes, a vossa inteligência será colocada à prova. O rei vai desfilar usando a roupa que só os inteligentes podem ver.
Canhões dispararam uma salva de seis tiros. Rufaram os tambores. Abriram-se os portões do palácio e o rei marchou vestido com a sua roupa nova. Foi aquele oh! de espanto.
Todos ficaram maravilhados. Como era linda a roupa do rei! Todos eram inteligentes.
Todos ficaram maravilhados. Como era linda a roupa do rei! Todos eram inteligentes.
No alto de uma árvore estava empoleirado um menino a quem não haviam explicado as propriedades mágicas da roupa do rei... Ele olhou, não viu roupa nenhuma, viu o rei nú exibindo sua enorme barriga, as suas nádegas murchas e vergonhas dependuradas.
Ficou horrorizado e não se conteve. Deu um grito que a multidão inteira ouviu: «O rei vai nú!»
Fez-se um silêncio profundo. E logo de seguida uma estridente gargalhada, mais ruidosa que a salva de artilharia. A turba de gente começou então a gritar: «O rei vai nú, o rei vai nú...».
Fez-se um silêncio profundo. E logo de seguida uma estridente gargalhada, mais ruidosa que a salva de artilharia. A turba de gente começou então a gritar: «O rei vai nú, o rei vai nú...».
O rei tratou de tapar as vergonhas com as mãos e correu para dentro do palácio.
Quanto aos espertalhões, já estavam longe, e se a 'estória' fosse nos dias de hoje, estariam concerteza a preparar a transferência da fortuna que tinham ganho para algum paraíso fiscal.
*
O cumprimento das regras democráticas nas reuniões do executivo municipal de Oliveira do Bairro faz lembrar esta 'estória'.
De facto, na última reunião do executivo, pretendi ler uma declaração, que ficasse inserida em acta, sobre as considerações feitas em relação à minha pessoa, numa reunião da qual, como consta da respectiva acta, estive justificadamente ausente, considerações estas que, essas sim, ficaram inseridas na acta da dita reunião com a anuência do presidente da câmara.
No entanto, no uso de um poder tão discricionário quanto ininteligível, e à custa do atropelo de um dos mais elementares princípios democráticos (o do contraditório), o presidente da câmara não permitiu a minha intervenção, argumentando que eu poderia ter estado presente na reunião (na qual foram produzidas as ditas declarações), referindo ainda que a minha intervenção não tinha enquadramento legal.
Em vão, ainda argumentei que não tenho o dom da adivinhação e que, tendo faltado justificadamente à dita reunião, não poderia de forma alguma ter adivinhado que tais declarações aí seriam produzidas!
Em vão, ainda argumentei que não tenho o dom da adivinhação e que, tendo faltado justificadamente à dita reunião, não poderia de forma alguma ter adivinhado que tais declarações aí seriam produzidas!
No entanto, o peso do poder falou mais alto! Mais uma vez ficou patente a desigualdade de armas com que poder e oposição se defrontam, à custa de uma indisfarçável diferença de tratamento de vereadores executivos (do poder) e não executivos (da oposição): o mesmo é dizer que, quando se trata de 'atacar' os membros da oposição, para o presidente da câmara vale tudo; quando se trata do inverso, o presidente da câmara entende que não há enquadramento.
Infelizmente, a diferença de peso e de medida para o poder e para a oposição parece que está para durar em Oliveira do Bairro.
Infelizmente, em Oliveira do Bairro, as reuniões de câmara podem servem para desancar forte e feio sobre notícias da imprensa, mas são fechadas à intervenção política dos vereadores da oposição.
Infelizmente, não falta quem se disponha a carregar o andor desta democracia da conveniência, onde se confunde a verdadeira política com a política do faz de conta que é original!
Infelizmente, em Oliveira do Bairro há quem continue a ver que o rei traja democracia quando a verdade as suas vestes são de puro autoritarismo e de execrável prepotência.
Siga a rusga!
A declaração cuja leitura e inclusão em acta foi proibida pode ser lida aqui.
Infelizmente, a diferença de peso e de medida para o poder e para a oposição parece que está para durar em Oliveira do Bairro.
Infelizmente, em Oliveira do Bairro, as reuniões de câmara podem servem para desancar forte e feio sobre notícias da imprensa, mas são fechadas à intervenção política dos vereadores da oposição.
Infelizmente, não falta quem se disponha a carregar o andor desta democracia da conveniência, onde se confunde a verdadeira política com a política do faz de conta que é original!
Infelizmente, em Oliveira do Bairro há quem continue a ver que o rei traja democracia quando a verdade as suas vestes são de puro autoritarismo e de execrável prepotência.
Siga a rusga!
A declaração cuja leitura e inclusão em acta foi proibida pode ser lida aqui.