quinta-feira, 4 de abril de 2013

A DUREZA DA FÉ

Quase sempre se reza num vazio, sem luz e num silêncio próprio de um deserto, onde praticamente nada se vê, ou se deixa ouvir

Esta ausência de resposta acaba por alimentar muitas vezes o temor de que possamos estar, afinal, absolutamente sós.


Mas cuidarmos do bem de alguém não implica estarmos onde essa pessoa nos possa ver ou ouvir... Cuidar do maior bem de alguém não passa por lhe falar constantemente.

A fé é a certeza convicta do que não se vê – mas é também a base da desconfiança que faz tremer a terra que nos segura os pés. Nunca foi, nem será, uma apólice contra todas as dúvidas, desgostos e sofrimentos.

A fé faz com que se sinta, sem sentir, como que... um sopro na face... e com ele se aprende que existem forças que não se veem... outras, mais fortes ainda, nem se sentem. O vento, tal como o amor, não se conhece senão pelo que faz. Nunca ninguém o viu, mas também nunca ninguém o pôs em causa.

Só se ama em silêncio. Mesmo quem se pode ver. Ama-se com o que está aquém das palavras. Ama-se com a presença. Ama-se com a vida.

Jesus não é o herói de nenhum conto de fadas. Está aqui, mesmo que ninguém O veja. Sempre por perto, mesmo de quem não acredita. Num silêncio onde paira a absoluta certeza de que nos amará até ao fim, ou seja, para sempre.

Viveu, morreu e ressuscitou. Mas ressuscitar não é voltar a este mundo, é passar a viver, para sempre, num outro de que este faz parte.

José Luís Nunes Martins, aqui