quinta-feira, 25 de abril de 2013

INTERVENÇÃO DE NUNO BARATA NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE OLIVEIRA DO BAIRRO


Por ti Carolina, minha filha, que estás comigo,
Para ti Carla que estás para Além do Discernimento… 

Sr. Presidente, minhas senhoras e meus senhores.

“Por muito que tenhamos sido educados no descrédito da política, é-se forçado a reconhecer que, quando se começa a tomar em profundidade consciência da nossa própria existência pessoal e das realidades que nos cercam, somos constantemente conduzidos a ela (leia-se à politica).

Desde a educação e futuro dos nossos filhos às nossas próprias condições de trabalho e de vida, desde a liberdade de ideias à liberdade física, aquilo que pensamos e queremos,  coloca-nos directamente ante a política: seja em oposição frontal à seguida por determinado Governo, seja de simples desacordo, ou de apoio franco.


Porque somos homens, seres inteligentes e livres, chamados a lutar pela realização desses dons na vida, formamos a nossa opinião e exprimimos as nossas ideias, pelo menos no círculo de pessoas que nos cercam. Mas se nos limitarmos a isso, se nos demitimos da intervenção activa, não passaremos de desportistas de bancada, ou melhor, de políticos de café.

A intervenção activa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da actuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas.

Trata-se portanto de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar a corresponder.

Podemos sentir ou não vocação para o desempenho de atitudes ou de cargos políticos, podemos aceitar ou não as condições em que estamos, concordar ou não com a forma como a intervenção nos é facultada, mas não temos o direito de nos demitirmos da dimensão política, que, resultante da nossa liberdade e da nossa inteligência, é essencial à condição de homens.”

As palavras que acabei de vos ler são um excerto daquela que foi a primeira intervenção pública da maior referência ideológica do PPD/PSD  e seu grande líder: Francisco Sá Carneiro.

É um texto cuja actualidade transcende o tempo. ..Será  essa talvez uma das características dos grandes textos e das grandes verdades …transcender  o tempo…porque estão, sempre, para além dele.

Sr. Presidente

Minhas Senhoras e meus senhores

Neste 25 de Abril, que é o último deste mandato e será, muito provavelmente, o último 25 de Abril antes do deserto, do meu deserto e do deserto de muitos outros que ao meu lado caminharam ao longo de muitos anos…

Dirijo-me hoje a Vossas Excelências e depois de já deste púlpito, em dias como este, muito ter dito sobre a democracia, do dever de cidadania, da responsabilidade e de responsabilização daqueles que, como eu, ocupam lugares políticos no municipalismo e mesmo das responsabilidades de cada um de nós enquanto cidadãos e munícipes.

Permitam-me que hoje vos fale de tantos rostos desconhecidos do Municipalismo.

De muitos homens e mulheres que são a voz, o rosto e o coração do poder autárquico.

Desses que são uma das mais relevantes forças desta conquista de Abril que é o Municipalismo.

Daqueles que não terão nenhuma fotografia nas paredes deste Salão Nobre, nem na sala de reuniões de Camara.

Mas que dão a voz aos argumentos, o rosto às convicções e o peito à luta…

Que defendem projectos, convicções, ideias e nomes que, esses sim, têm rosto.

Saibam vossas Excelências, que quero hoje dedicar esta minha intervenção aos meus colegas, presentes e passados, desta Assembleia Municipal e de cada uma das Assembleias de Freguesia do nosso Concelho.

Não só aos da Bancada que lidero, mas a todos, os de hoje e os de ontem.

É também de cada um deles o mérito da força desta instituição. Desta gloriosa conquista de Abril.

Desde que, há 12 anos entrei orgulhosamente nesta Assembleia, que descobri coisa boas e coisa más, que conheci aspectos de mim próprio e de outros que preferia não ter conhecido.

Se tive posições e acções de que me orgulho, tive posições e acções das quais que arrependo e que, se possível fosse voltar a traz, não as teria feito.

Na defesa convicta e abnegada de uma ideia, de um projecto, de uma pessoa, invertemos prioridades pessoais, distorcemos o peso específico que a política deve ter nas nossas vidas.

Assumimos, todos e da esquerda à direita, o combate convictamente e de peito aberto, sem resignar, sem hesitar.

Se é verdade que ganhamos amigos e conforto. Companheiros e realização, não menos verdade será dizer que, pelo caminho, ficou tempo a menos com a família, ficaram também relacionamentos pessoais que se azedaram ou amores que arrefeceram…

Tudo por um projecto, tudo um rosto, tudo por um nome.

Sem fotografias, sem palavras, mas com muita dignidade.

Quero, enquanto Líder Orgulhoso e reconhecido que sou à Bancada do PPD/PSD nesta Assembleia,  deixar uma palavras aos meus colegas de Bancada que me escolheram, que me ajudaram a dar a voz aos argumentos, o rosto às ideias e o peito ao combate, foi um privilégio estar ao seu lado / e permita-me Sr. Presidente / que no nome do Dr. Gilberto e da Inês Pato aqui deixe dois paradigmáticos exemplos da força, da coragem, do orgulho e do respeito que tenho por esta bancada do PSD.

Uma última palavra feita homenagem a uma mulher que já partiu, uma colega de Assembleia, à Sónia Silva, que já tomada fatalmente pela doença não deixou de dar o rosto, a voz e a vontade a esta Assembleia até ao dia em que a morte a fez partir.          

Cumpriram todos, os que aqui estão e os que, de uma forma ou de outra, já partiram, com lealdade as funções que lhe foram confiadas, pelo voto, pelas pessoas, por Abril…

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Até quando tiver de ser…

Com a certeza que não será agora…

Muito Obrigado 

Nuno Barata
(Líder da bancada do PPD-PSD na Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro)