quinta-feira, 25 de abril de 2013

INTERVENÇÃO DE ARMANDO HUMBERTO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL


Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal

Exmo. Sr. Presidente da Câmara
Exmos. Srs. Presidentes das Assembleias de Freguesia
Exmos. Srs. Presidentes de Juntas de Freguesia
Exmo. Sr. Padre Francisco
Exmos. Representantes das Associações Concelhias
Exmo. Sr. Presidente da Liga dos Combatentes
Exmo. Representantes das Forças Armadas e dos Ex-Combatentes
Exmos. Srs. Ex-Autarcas
Exmos. Srs. Vereadores
Exmos. Colegas desta Assembleia
Exmos. Srs. Jornalistas
Ex.mo. Público
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Minhas Meninas e Meus Meninos


Abril…Abril foi muita coisa, mas de todas as coisas que Abril foi, de todas as coisas que Abril trouxe, tenho para mim que a mais importante foi a Esperança.

Foi dar a um Povo, a Esperança num amanhã melhor, num amanhã mais justo, mais fraterno, num amanhã mais próspero.

Por isso comemorar hoje Abril, é comemorar um Abril murcho, porque se há coisa que nos tem vindo a ser retirada é a Esperança.

Dia após dia, noticiário após noticiário, mês após mês, o péssimismo, o desespero tem tomado conta do País. A Esperança de um futuro melhor para nós e para os nossos filhos, deu lugar ao descrédito no futuro, mas acima de tudo ao descrédito em nós, ao descrédito no País.

Os politicos de hoje não percebem Abril, não percebem que não se mobiliza um povo, não se mobiliza uma nação, vendendo descrédito.

Preocupa-os demais se os mercados acreditam no País, preocupa-os de menos se os Portugueses acreditam no País.

Não são os mercados que vão salvar Portugal, não são os mercados que nos vão tirar desta situação, são os Portugueses, é o acreditar dos Portugueses, é o fazer dos Portugueses, é o trabalhar dos Portugueses.

Mas também é a liderança que temos que ter, que tem que apontar um rumo para o País, um rumo de Esperança para o Portugal.

Um rumo que mobilize, um rumo que não prescinda de nenhum Português. Um rumo que nos guie, um rumo que nos oriente, mas que não nos condene a emigrar ou a ganhar um terço daquilo que ganha um outro qualquer cidadão de um outro qualquer país europeu.

Queremos ser europeus de corpo inteiro, não aceitamos menos. Não aceitamos ser a mão-de-obra barata da Europa, estamos fartos daqueles que nos querem fazer crer nisso, queremos voltar a ter Esperança, queremos voltar a acreditar em Portugal, queremos voltar a acreditar em nós.

A grande questão que hoje se coloca ao País é se nos resignamos a ser a mão-de-obra barata da Europa, ou se pelo contrário lutamos, e apostamos na qualificação dos Portugueses, apostamos na tecnologia, no seu desenvolvimento e na sua integração no tecido produtivo.

Não há caminhos fáceis! Mas há dois caminhos, há o caminho da resignação ou o caminho da luta. A luta por um País, a luta por um Povo e de um Povo que não quer sair da Europa, mas que também não aceita ser Europeu de segunda.

Temos que mudar muita coisa, claro que temos, mas Abril foi também isso, foi uma grande mudança e é de um novo Abril que precisamos, agora.

Temos que passar a valorizar a competência, temos que passar a valorizar o mérito, temos que passar a valorizar o desempenho, temos que passar a valorizar o trabalho. Temos que repugnar o compadrio, temos que acabar com o clientelismo.

Temos que premiar quem tem sucesso à custa do seu trabalho, da sua iniciativa, da sua inteligência. Temos que acabar com o chico-espertismo.

Temos que promover o que é nosso, temos que estimular a iniciativa. Temos que criar em vez de destruir. Temos que respeitar as pessoas.

Temos também, e certamente, que resolver o problema das finanças públicas, e de forma suscentável.

Temos que passar a tomar decisões políticas baseadas apenas no interesse comum e não em interesses particulares dissimulados.

E é aqui que reside um dos nossos principais problemas: a qualidade da nossa democracia, a qualidade das decisões políticas.

Temos uma democracria que garante a alternância no poder, de forma pacífica, mas que não promove a tomada de decisões políticas de qualidade, que não promove a tomada de decisões politicas que respeitem as pessoas, as pessoas das gerações presentes e das gerações futuras. Temos uma democracia que promove a tomada de decisões com base em interesses eleitoralistas e partidários.

Temos uma democracia dissimulada. Que dá a voz aos cidadãos na altura do voto, mas em que tudo, ou praticamente quase tudo já foi previamente decidido pelas estruturas partidárias.

Em que tudo ou quase tudo já foi decidido na elaboração das listas.

Temos politicos maniétados pelas estruturas partidárias, incapazes de assumirem as suas convicções, incapazes de se assumirem, incapazes de defenderem, de explicarem perante as pessoas as decisões que tomam. Incapazes de questionarem e incapazes de se deixarem questionar.

E é apenas esse questionar permamente, é apenas essa confrontação permanente, essa discussão frontal, essa discussão pública, que permite garantir que as decisões tomadas têm de facto em mente servir primeiramente o interesse comum, e que são a melhor forma de o servir.

Temos uma política reduzida a discussões nas sedes partidárias, a discussões de gabinete.

Temos uma política que promove o clientelismo e que elimina o confronto de ideias.

Temos uma política que exclui todos aqueles que não se querem sujeitar à lealdade ao lider partidário. Temos uma política que exclui todos aqueles que discordam.

Temos uma política que não promove a competência.

Temos uma política que afasta todos aqueles que não aceitam que o principal critério seja a sua lealdade ao lider partidário do momento.

Temos uma política em que faltam cidadãos livres, temos uma democracia em que faltam instituições fortes, independentes dos partidos.

Temos uma política que desvaloriza o debate público, pois o critério valorizado será, mais uma vez a lealdade à direcção partidária, entendendo-se por lealdade votar em linha com as instruções superiores em vez de questionar, em vez de defender ideias próprias, em vez de se responsabilizar pessoalmente perante as pessoas, que de facto é quem elege e é quem é importante servir.

Ou será que tudo isto é mera ilusão, e que quem elege não são as pessoas mas são os partidos? Será que foi para isto que se fez Abril?

Saibamos todos, saiba cada um de nós estar à altura dos desafios que se nos deparam. Saiba cada um de nós dizer basta, saiba cada um de nós dizer que não foi para isto que se fez Abril, saiba cada um de nós exigir, aqui e agora, que se cumpra Abril.

Armando Humberto 
(Líder da Bancada do PS na Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro)