Exmo. Sr.
Presidente da Assembleia Municipal
Exmo. Sr.
Presidente da Câmara
Exmos. Srs.
Presidentes das Assembleias de Freguesia
Exmos. Srs.
Presidentes de Juntas de Freguesia
Exmo. Sr.
Padre Francisco
Exmos.
Representantes das Associações Concelhias
Exmo. Sr.
Presidente da Liga dos Combatentes
Exmo.
Representantes das Forças Armadas e dos Ex-Combatentes
Exmos. Srs.
Ex-Autarcas
Exmos. Srs.
Vereadores
Exmos. Colegas
desta Assembleia
Exmos. Srs.
Jornalistas
Ex.mo. Público
Minhas
Senhoras e Meus Senhores
Minhas Meninas
e Meus Meninos
Abril…Abril foi muita coisa, mas de todas as
coisas que Abril foi, de todas as coisas que Abril trouxe, tenho para mim que a
mais importante foi a Esperança.
Por isso comemorar hoje Abril, é comemorar um
Abril murcho, porque se há coisa que nos tem vindo a ser retirada é a
Esperança.
Dia após dia, noticiário após noticiário, mês
após mês, o péssimismo, o desespero tem tomado conta do País. A Esperança de um
futuro melhor para nós e para os nossos filhos, deu lugar ao descrédito no futuro,
mas acima de tudo ao descrédito em nós, ao descrédito no País.
Os politicos de hoje não percebem Abril, não
percebem que não se mobiliza um povo, não se mobiliza uma nação, vendendo
descrédito.
Preocupa-os demais se os mercados acreditam no País,
preocupa-os de menos se os Portugueses acreditam no País.
Não são os mercados que vão salvar Portugal,
não são os mercados que nos vão tirar desta situação, são os Portugueses, é o
acreditar dos Portugueses, é o fazer dos Portugueses, é o trabalhar dos Portugueses.
Mas também é a liderança que temos que ter, que
tem que apontar um rumo para o País, um rumo de Esperança para o Portugal.
Um rumo que mobilize, um rumo que não prescinda
de nenhum Português. Um rumo que nos guie, um rumo que nos oriente, mas que não
nos condene a emigrar ou a ganhar um terço daquilo que ganha um outro qualquer
cidadão de um outro qualquer país europeu.
Queremos ser europeus de corpo inteiro, não
aceitamos menos. Não aceitamos ser a mão-de-obra barata da Europa, estamos
fartos daqueles que nos querem fazer crer nisso, queremos voltar a ter
Esperança, queremos voltar a acreditar em Portugal, queremos voltar a acreditar
em nós.
A grande questão que hoje se coloca ao País é
se nos resignamos a ser a mão-de-obra barata da Europa, ou se pelo contrário
lutamos, e apostamos na qualificação dos Portugueses, apostamos na tecnologia,
no seu desenvolvimento e na sua integração no tecido produtivo.
Não há caminhos fáceis! Mas há dois caminhos,
há o caminho da resignação ou o caminho da luta. A luta por um País, a luta por
um Povo e de um Povo que não quer sair da Europa, mas que também não aceita ser
Europeu de segunda.
Temos que mudar muita coisa, claro que temos,
mas Abril foi também isso, foi uma grande mudança e é de um novo Abril que
precisamos, agora.
Temos que passar a valorizar a competência,
temos que passar a valorizar o mérito, temos que passar a valorizar o
desempenho, temos que passar a valorizar o trabalho. Temos que repugnar o
compadrio, temos que acabar com o clientelismo.
Temos que premiar quem tem sucesso à custa do
seu trabalho, da sua iniciativa, da sua inteligência. Temos que acabar com o
chico-espertismo.
Temos que promover o que é nosso, temos que
estimular a iniciativa. Temos que criar em vez de destruir. Temos que respeitar
as pessoas.
Temos também, e certamente, que resolver o
problema das finanças públicas, e de forma suscentável.
Temos que passar a tomar decisões políticas
baseadas apenas no interesse comum e não em interesses particulares
dissimulados.
E é aqui que reside um dos nossos principais
problemas: a qualidade da nossa democracia, a qualidade das decisões políticas.
Temos uma democracria que garante a alternância
no poder, de forma pacífica, mas que não promove a tomada de decisões políticas
de qualidade, que não promove a tomada de decisões politicas que respeitem as
pessoas, as pessoas das gerações presentes e das gerações futuras. Temos uma
democracia que promove a tomada de decisões com base em interesses eleitoralistas
e partidários.
Temos uma democracia dissimulada. Que dá a voz
aos cidadãos na altura do voto, mas em que tudo, ou praticamente quase tudo já
foi previamente decidido pelas estruturas partidárias.
Em que tudo ou quase tudo já foi decidido na
elaboração das listas.
Temos politicos maniétados pelas estruturas
partidárias, incapazes de assumirem as suas convicções, incapazes de se
assumirem, incapazes de defenderem, de explicarem perante as pessoas as
decisões que tomam. Incapazes de questionarem e incapazes de se deixarem
questionar.
E é apenas esse questionar permamente, é apenas
essa confrontação permanente, essa discussão frontal, essa discussão pública, que
permite garantir que as decisões tomadas têm de facto em mente servir primeiramente
o interesse comum, e que são a melhor forma de o servir.
Temos uma política reduzida a discussões nas
sedes partidárias, a discussões de gabinete.
Temos uma política que promove o clientelismo e
que elimina o confronto de ideias.
Temos uma política que exclui todos aqueles que
não se querem sujeitar à lealdade ao lider partidário. Temos uma política que
exclui todos aqueles que discordam.
Temos uma política que não promove a
competência.
Temos uma política que afasta todos aqueles que
não aceitam que o principal critério seja a sua lealdade ao lider partidário do
momento.
Temos uma política em que faltam cidadãos livres,
temos uma democracia em que faltam instituições fortes, independentes dos
partidos.
Temos uma política que desvaloriza o debate
público, pois o critério valorizado será, mais uma vez a lealdade à direcção
partidária, entendendo-se por lealdade votar em linha com as instruções
superiores em vez de questionar, em vez de defender ideias próprias, em vez de
se responsabilizar pessoalmente perante as pessoas, que de facto é quem elege e
é quem é importante servir.
Ou será que tudo isto é mera ilusão, e que quem
elege não são as pessoas mas são os partidos? Será que foi para isto que se fez
Abril?
Saibamos todos, saiba cada um de nós estar à
altura dos desafios que se nos deparam. Saiba cada um de nós dizer basta, saiba
cada um de nós dizer que não foi para isto que se fez Abril, saiba cada um de
nós exigir, aqui e agora, que se cumpra Abril.
(Líder da
Bancada do PS na Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro)