UMA HISTÓRIA DE VIRIATO
Hoje, vou contar-vos uma história, que passa por verdadeira.
Uma história da nossa História... Quem ma contou foi um velho pastor da Serra da Estrela, tinha eu pouco mais ou menos a vossa idade.
Aí vai.
Há muitos e muitos séculos, ainda não havia sequer Portugal, os romanos tinham conquistado quase por completo a Península Ibérica. De entre os que mais se opuseram às invasões dos reluzentes exércitos do Império, destacaram-se os lusitanos, comandados pelo temível Viriato.
Como eram poucos e mal armados, os lusitanos não podiam enfrentar o inimigo em campo de batalha, onde seriam, pela certa, derrotados. A táctica tinha de ser outra, um misto de manha e coragem, em emboscadas de toca e foge, contra as quais os romanos nada podiam.
Certa vez, uma zona da serra foi sitiada. Vinham romanos de todos os lados, de lanças faiscantes, chapéus emplumados e grossas armaduras de couro e ferro. Era de prever a vitória final de Roma. Eis senão quando, começou a descer, lentamente, o nevoeiro sobre as montanhas. Pior para os romanos. O ataque decisivo das legiões invasoras tinha de ser adiado.
Os comandantes espalharam sentinelas pelas extremas do acampamento e foram dormir.
De súbito, no escuro da noite, ainda mais cerrado pelo nevoeiro, um tropel imenso ecoou, acordando os soldados. Que seria?
Todos saíram para o frio da noite e interrogaram o escuro. Não longe, descendo a serra, tremeluziam breves estrelas, milhares e milhares de estrelas, que eram fachos de guerreiros, a postos para incendiarem o acampamento. Tantos? Tantos lusitanos?
Sobressaltaram-se os soldados de Roma. Afinal os lusitanos eram muitos e mais do que eles contavam.
Foge! E os soldados aterrorizados abandonavam por terra armaduras e armas.
Aumentava o tropel. Já gritavam vitória os lusitanos. Desfizera-se o cerco.
Desfizera-se o cerco graças a um ardil. Poucos continuavam a ser os lusitanos, mas eram numerosos os seus aliados... Milhares de carneiros, imagine-se. Em cada carneiro, um lampião preso aos chifres. Todos juntos fingiam um exército imenso. Que fantástica habilidade!
A batalha fora vencida, sem combate.
Esta foi a história que o pastor da Serra da Estrela me contou. Quem sabe se ele não seria descendente dos guerreiros-pastores, companheiros de Viriato?
António Torrado e Cristina Malaquias, aqui