terça-feira, 13 de novembro de 2012

A ESQUERDA E A DIREITA DO BIFE

A presidente do Banco Alimentar é uma cidadã implicada na solidariedade para com os mais desfavorecidos que não precisa de fazer novas provas dessa sua cidadania por efeito das opiniões de alguns iluminados, cuja missão à face da Terra é desconfiar de tudo e de todos

Que foi o que, ao longo desta semana, tentaram fazer com Isabel Jonet. Ou seja: colocá-la sob a suspeição de, por detrás da obra, poder estar a defender a austeridade. Porquê? Por ser ela, a austeridade, que, no fim de contas, alimentaria a pobreza. 

Tamanha reação - que ameaça a próxima recolha de alimentos - por Isabel Jonet ter dito que a crise convida a rever consumos, designadamente os de bife! Disse-o de um modo básico? Sim. Mas isso vale uma campanha que pode prejudicar os mais necessitados? Não!

Os detratores de Isabel Jonet acabam por caber na história do cidadão muito consciente e muito politizado que recusa sempre dar esmola aos pobres para não desresponsabilizar o Governo e o Estado das suas obrigações constitucionais. Em contrapartida, este é o mesmo tipo de cidadão que dá sempre gorjeta aos arrumadores com medo de que lhe risquem o automóvel.

A tendência para julgamentos precipitados, segundo ordens morais que são apenas de cada um e não da ética adotada pela sociedade, é um dos truques mais usados pelos iluminados para fazerem passar as suas ideias - e, em casos mais egocêntricos, as suas taras - como sendo as ideias que decorrem das leis e normas de comportamentos da boa ordem republicana. Quase sempre, deitando a mão ao Estado sob a forma de abstração benigna por natureza. Religiosa, por assim dizer.

É verdade que, conforme é notícia nesta edição do JN, não há volta a dar ao real: há mesmo relação entre o empobrecimento de muitos portugueses e o facto de estarmos a comer menos bife. E não é menos verdade que se comemos menos bife e os nossos pescadores atiram fora o produto da faina por não obedecer às normas da União Europeia, estamos perante uma austeridade esquizofrénica, que nem sequer respeita os termos de uma economia de guerra: vão-se os anéis, que fiquem os dedos. Ou não?!

Nada disto, porém, deveria impedir que a discussão sobre o consumismo se fizesse. Por dois motivos: para passarmos melhor por este tempo de penúria e para dar mais saúde aos nossos netos.

Ainda esta semana vi, em imagens televisivas, servirem tripas numa das cantinas improvisadas que enxameiam o Norte. E dei comigo a pensar que ficariam bem melhor alimentados aqueles pobres com produtos de outro tipo, designadamente fruta, laticínios e peixe. E como todos viveríamos com melhor saúde se soubéssemos como rejeitar a "fast food" e voltar à nossa tradicional dieta mediterrânica. Que as multinacionais da alimentação destruíram

Retirara daqui