O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu hoje a necessidade de o Estado ser "extremamente" cuidadoso na maneira como distribui "o pouco" que tem, querendo corrigir a "enorme" assimetria entre os que têm muito e os que não têm quase nada.
"Portugal é ainda um país onde a assimetria entre aqueles que têm muito e os que têm quase nada é enorme e essa não é uma responsabilidade que nós possamos atribuir a um Governo em particular, a um político em particular, a um empresário em particular. É uma responsabilidade de todos, do país, que nós temos que corrigir", disse Pedro Passos Coelho na abertura da conferência da entrega do Prémio Manuel António da Mota, no Palácio da Bolsa, no Porto.
Segundo o primeiro-ministro, é preciso "corrigir" esta assimetria na maneira como Portugal souber "criar riqueza para futuro e não dívida, na maneira como as políticas públicas fazem a redistribuição da riqueza que é gerada - justamente através das políticas sociais - mas também através da justeza dessas políticas, garantindo uma efectiva igualdade de oportunidades".
"E que aqueles que realmente precisam são aqueles os primeiros a obter os apoios que nós temos, que na sociedade histórica umas vezes é maior, outras vezes é menor. No momento presente é menor mas até por essa razão temos que ser extremamente cuidadosos na maneira como distribuímos o pouco que temos", alertou.
Passos Coelho admitiu que "o Estado tem muita dificuldade em chegar sozinho a essa avaliação", explicando por isso que precisa "muito da administração autárquica para esse efeito" mas "sobretudo das instituições de solidariedade social".
"Elas têm uma capilaridade muito adequada à forma como precisamos de distinguir aqueles que precisam daqueles que não precisam e sobretudo que podem fazer aquilo que o Estado tem mais dificuldade em fazer. Não há dúvida nenhuma que as instituições de solidariedade social, baseadas neste voluntarismo que anima aqueles que trabalham nas instituições, têm melhor capacidade para humanizar os serviços que são prestados", defendeu.
O primeiro-ministro recordou ainda que "nas diversas medidas de maior dificuldade, o Governo procurou preservar aqueles que têm uma situação mais delicada".
"Por essa razão, nós vamos no próximo ano em Portugal actualizar as pensões justamente daqueles que têm pensões mais baixas, daqueles que são mais carenciados. Estamos a falar das pensões sociais e rurais. Esses verão as suas pensões actualizadas e não congeladas como têm estado até aqui", reforçou.
Para Passos Coelho "é importante dizer que aqueles que verão as suas pensões actualizadas são mais de um milhão de pensionistas, quase um milhão e meio", dando a noção do "muito elevado nível de pobreza em que Portugal hoje vive".
O governante voltou a defender a necessidade de, na lei, a sociedade "reconhecer melhor o valor social e económico" do voluntariado, seja nas empresas, seja no próprio Estado.
"Por essa razão, é que temos vindo a trabalhar numa iniciativa que possa, ao nível do Parlamento, dar uma outra dignidade a esse estatuto do voluntariado", enfatizou.
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