O segredo para perder peso não é deixar de comer mas sim alterar de forma consistente os nossos hábitos alimentares - consumindo melhores alimentos, em menores quantidades e mais vezes ao dia - e levar um estilo de vida saudável.
Sei perfeitamente que estas coisas são muito mais fáceis de escrever do que fazer.
A minha barriga é a prova viva da enorme quantidade de vezes em que após ter saltado o almoço (ou o ter enganado com um sanduíche comida à pressa) e de me atestar com um jantar copioso e fora de horas, cedi à tentação do sofá e do comando da televisão, fazendo orelhas moucas aquela vozinha irritante e responsável que me aconselhava a ir a pé até ao café.
Fazer dieta não é deixar de comer - o que nos atiraria directos para o extremo fatal da anorexia.
Da mesma maneira, emagrecer o nosso Estado obeso não significa deixar de investir, o que nos atiraria para a situação ridicularizada na história do cavalo do espanhol estúpido - que ao abrir o estábulo e deparar com o animal feito cadáver desabafou: "Logo agora que se tinha habituado a não comer é que ele foi morrer...!".
Vêm estas ideias gerais (e estou em crer que consensuais) a propósito do que deve o novo Governo fazer pelo nosso país durante os nove trimestres consecutivos de recessão em que vamos ter de sobreviver, de acordo com as previsões do ministro das Finanças, que tem o ar e a fama de ser homem de boas contas.
Tempos excepcionais exigem políticos e políticas excepcionais. E ninguém duvidará de que 27 meses seguidos a destruir riqueza são um tempo de excepção, em que os governantes não se podem esconder atrás do biombo das desculpas da falta de tempo ou de dinheiro.
Há sempre tempo e há sempre dinheiro, por muito escassos que eles sejam - e infelizmente são-no.
A grande questão reside em escolher criteriosamente onde investir esses recursos escassos. E o investimento em transportes públicos movidos a energias limpas e não poluentes tem de estar na primeira linhas das prioridades.
E para emagrecer duravelmente um Estado como o português não basta reduzir o peso a eito, sem cuidar de reparar se estamos derreter cirurgicamente a gordura ou a ler boas noticias na balança conseguidos artificialmente à custa da perda de músculo.
Para curar o nosso Estado da obesidade mórbida de que padece, a administração pública tem de adoptar um estilo de vida mais saudável, dotando-se de elevados graus de flexibilidade e eficiência que só poderão atingidos aproximando a decisão dos cidadãos. Lisboa e o centralismo são a barriga que nos tolhe os movimentos e impedem Portugal de sair do buraco em que o meteram.
Jorge Fiel, aqui