Primeiro-ministro não informou previamente a maior parte dos ministros das novas medidas de austeridade antes de as anunciar.
A maioria dos ministros do Governo não sabia das medidas do PEC 4, o novo pacote de austeridade acordado pelo primeiro-ministro José Sócrates no conselho da zona euro de sexta-feira. Muitos dos ministros só conheceram as medidas depois de estas serem anunciadas.
Dentro do segredo do novo Pacote de Estabilidade e Crescimento (PEC) estava apenas um núcleo-duro constituído pelos ministros da Presidência, Pedro Silva Pereira, das Finanças, Teixeira dos Santos, e Negócios Estrangeiros, Luís Amado – e do respectivo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie.
A chamada ala esquerda do Governo, em que se incluem os ministros da Economia, Vieira da Silva, e dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, e também o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, fariam parte desta maioria esmagadora dos membros do Governo e dos dirigentes do PS que não receberam qualquer contacto por parte de José Sócrates.
Porém, fonte do Ministério da Economia desmente ao Correio da Manhã que o ministro Vieira da Silva desconhecesse o novo plano de José Sócrates. Também fonte do Governo garante que Lacão estava informado.
Depois de uma tarde em silêncio, após o conselho de ministros, o primeiro-ministro falou ao País para responsabilizar o PSD por uma eventual crise política. Mais, considerou que o maior partido da Oposição deseja a crise política, mas "nenhuma medida apresentada viola o acordo com o PSD [Orçamento de 2011]". Em seu entender, a falha de compromissos externos coloca em causa a credibilidade do País. Numa intervenção em que assegurou que o PEC 4 foi um sucesso em Bruxelas e que há "uma batalha pela confiança", Sócrates explicou o motivo de o ter apresentado sexta-feira: o pacote estava previsto para Abril, mas o Executivo antecipou-o em um mês.
Já Miguel Relvas, porta-voz do PSD, voltou a dizer ao Executivo que "não pode contar" com o seu partido e acusou o Governo de esconder um pedido de ajuda externa financeira já feito. A restante Oposição criticou também a declaração de José Sócrates.
Paulo Pinto Mascarenhas e Cristina Rita, aqui
