Dois advogados estagiários são os principais arguidos de rede que falsificava processos de legalização de imigrantes.
O Serviço de Estrangeiros Fronteiras (SEF) deteve seis suspeitos, dois dos quais ficaram em prisão preventiva, por suspeita de pertencerem a uma organização criminosa que se dedicava à realização de casamentos fictícios, também conhecidos por casamentos brancos, assim como às actividades de falsificação de documentos para cidadãos estrangeiros.
Os casamentos de conveniência eram celebrados para legalizar a presença de imigrantes ilegais no país.
Os inspectores executaram 22 mandados judiciais, que determinaram a detenção de sete pessoas, a realização de 11 buscas a casas e duas a empresas. A operação, enquadrada numa investigação iniciada há vários meses, teve por objectivo surpreender uma organização criminosa liderada por dois cidadãos portugueses, advogados estagiários, e um estrangeiro.
Casas Seguras.
Esta associação contava com a colaboração de uma rede de apoio de passadores, falsificadores e angariadores, nacionais e estrangeiros, com tarefas perfeitamente definidas que utilizavam três empresas e várias casas de passagem, as chamadas "casas seguras". Estas instalações serviam para dar apoio à entrada, a permanência e trânsito ilegal de cidadãos estrangeiros em território nacional.
Nas casas de passagem da organização foram apanhados oito cidadãos estrangeiros em situação ilegal no país. Dois imigrantes foram detidos, um por falsificação ou contrafacção de documento e pela posse e uso de bilhete de identidade português falso e o outro pela existência de uma medida cautelar.
Preço da legalização. Não se pode dizer que os processos de legalização fossem baratos. Cada imigrante pagava à rede por cada "pacote de legalização", ou seja, de documentação falsa, montantes que podiam atingir no total mais de seis mil euros.
O SEF acredita que o universo dos clientes da organização criminosa ascenderá a centenas de cidadãos estrangeiros. Os estrangeiros que recorriam a esta rede procuravam legalizar-se com títulos de residência comunitários ou renovar fraudulentamente os já obtidos em Portugal.
A operação "Carnaval", como lhe chamou o SEF, envolveu sessenta operacionais do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras. Para além dos seis detidos foram igualmente constituídas como arguidas três empresas e ainda uma cidadã nacional, por se acreditar que possam fazer parte da mesma rede criminosa.
Entre as provas apreendidas, o SEF enumera documentos originais, fotocópias de documentos, passaportes, bilhetes de identidade, contratos de trabalho e recibos de remuneração falsos das empresas já indiciadas. Os inspectores também recolheram declarações da Segurança Social e das Finanças e atestados de residência falsos. Foi também confiscado equipamento de suporte informático e de telecomunicações, computadores, pen-drives e telemóveis que terão sido utilizados pela organização.
Adriana Vale, aqui
