Ainda não tinham chegado as dez da madrugada quando o Chefe apareceu na sala.
Trazia na mão um papel e vinha acompanhado do fiador, que entrou mudo e saiu calado.
Por junto e na pressa da antecipação, disse que a despesa baixara, a receita subira e, portanto, o resultado era um sucesso. Não falou das dívidas da Saúde, nem do desastre das empresas: isso ficará para as contas de Março, que não deixarão de esconder, igualmente por debaixo do tapete, o Fundo angariado entre os amigos da PT. Quer dizer: soltou-se o foguetório. De mau, só as traições dos amantes do FMI, que são, como sempre, os outros.
Umas horas mais tarde, veio o Banco que foi de Constâncio ameaçar com perspectivas negras, desmentindo os truques do antecessor. No caso da vice-governadora de estimação, o patriotismo ficou em maus lençóis. E os subordinados do Chefe não conseguiram mais do que malhar na direita que saliva traições...
Ao mesmo tempo, falava-se das acções más que deram lucro e das acções boas que pagaram publicidade. Como a Purdey saía muito cara, não se atirou à lebre, cujo jeito para levantar lama até ajudava. Num recanto mais sossegado, o discurso do grande capital monopolista associava-se ao dos outros caminhos patrocinado pelos pregadores louçânicos. Completando o quadro, uma nobre personagem mostrava que não pertence àquele circo, tal como o animador madeirense.
No manicómio, só faltava, então, que o patriarca Soares pespegasse uma advertência à Senhora Merkel, que anda a falar demais. Ela (vejam lá!), que viveu para além do Muro sem uma dissidência e nem sequer fugiu para a Argélia...
Vai ser difícil tomar conta disto!
António Freitas Cruz, aqui