domingo, 16 de janeiro de 2011

CHULICE

Contra todas as expectativas criadas, a colocação da dívida portuguesa no mercado foi um sucesso...

Um sucesso relativo, bem entendido e bem salientado pelo próprio ministro das Finanças. Politicamente foi uma vitória para José Sócrates e Teixeira dos Santos, financeiramente foi um desastre para o bolso dos contribuintes.

Vivemos um tempo em que a razão está do lado dos mercados, mesmo quando o que eles andam a fazer é "chulice" pura.

Eu que não sou formado em economia, nem faço da análise desta ciência um modo de vida, posso dar-me ao luxo de tentar entender o que andam a fazer esses mercados sem correr o risco de ferir os olhos ou os ouvidos do senhor presidente da República e restantes doutorados em economia por estar a insultar os mercados.

Convém lembrar que os mercados são uns senhores que gerem as poupanças de outras pessoas e que procuram rentabilizar ao máximo esse dinheiro. Com Portugal e outros países aflitos esses senhores estão a apostar em emprestar o máximo de dinheiro possível ao mais alto juro possível, até que se torne obrigatória a entrada do FMI, que já funciona psicologicamente como fiador.

Emprestam caro com a desculpa de que podem não receber, mas sabem que ao preço que estão a emprestar outros vão ter de se chegar à frente. Os mercados não ficarão seguramente sem o dinheiro que nos andam a emprestar a preços de agiota. Quanto pior estamos, melhor para eles. Nestes tempos, emprestar dinheiro à Zona Euro é um grande negócio.

Durante muito tempo pensámos que podíamos viver com o dinheiro dos outros. Pensámos que era possível viver como "chulos", mas o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Trabalhar para pagar o que devemos é a única solução.

Paulo Baldaia, aqui