quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PSD DISPOSTO A APOIAR GOVERNO DE EMERGÊNCIA

Passos Coelho diz que não deixará o país sem governo até às eleições. Mas antes quer pressionar o governo para entregar novo Orçamento.

O PSD está disponível para assegurar, ou para apoiar, um governo interino até à realização de eleições legislativas. Este será um dos cenários a analisar no Conselho de Estado que o Presidente Cavaco Silva convocou para amanhã. O anúncio da reunião do Conselho de Estado, marcado com inusitada rapidez, foi feito ontem de manhã, imediatamente após o anúncio do fim das negociações entre PS e PSD.

Passos Coelho estava preparado para este desfecho. "Nunca nenhum país ficou sem governo por aquele que está em exercício desertar. E, se este governo quiser desertar, podem acreditar que o PSD não deixará o país sem governo até às eleições", disse o presidente no discurso que fez aos membros do conselho nacional social-democrata que o ouviram, na semana passada, antes de serem anunciadas as condições do PSD para viabilizar o Orçamento do Estado (OE) para 2011.

No discurso perante o conselho nacional, no dia 19, Passos Coelho foi claro. Caso o Orçamento chumbe no parlamento, o PSD deve comunicar ao país no próprio dia 29 "que toda a pressão que até hoje se faz sobre o PSD para que aprove um mau Orçamento possa ser agora feita em relação ao governo, para que o governo apresente um melhor Orçamento". O PSD sabe que o governo não estará, certamente, interessado nisso. A direcção do PSD tem noção de que a crise política que o chumbo do Orçamento do Estado desencadeará pode obrigar o partido a participar numa solução de governo, ou a apoiar uma solução de governo sugerida ou apoiada pelo Presidente da República.

O líder social-democrata disse claramente aos conselheiros que não aceita chantagens: "Haveremos de encontrar uma forma de o país ter uma solução, até às eleições. Não aceitaremos é, por isso, nenhuma chantagem de tudo ou nada."

Santos Ferreira apela a Cavaco.
O presidente do BCP dirigiu ontem um apelo ao Presidente da República para que actue perante o fracassso das negociações sobre a aprovação do OE. Numa alusão clara ao anúncio da reunião do Conselho de Estado, Carlos Santos Ferreira disse claramente ter "toda a confiança no Presidente da República e na acção que está a desenvolver", fazendo "votos para que tenha sucesso". O líder do BCP acredita que o Presidente está a desenvolver já diligências junto das forças partidárias. E considera que os apelos dos maiores bancos não são pressões. "O que dissemos foram as consequências de não haver este Orçamento." Segundo Santos Ferreira será "gravíssima" a situação para o país se o Orçamento do Estado para 2011 não for aprovado. Sublinhando, todavia, que "carregar demasiado nesta afirmação poderá ser considerado uma pressão. Eu não faço pressões".

O presidente do BCP está convicto de que os mercados financeiros não se abrirão para Portugal enquanto não estiver regularizada a situação das finanças públicas.

Inês Serra Lopes, aqui