Dando continuidade à excelente Biblioteca de Babel (colecção criada por Jorge Luis Boges, a convite de Franco Maria Ricci) chega-nos agora uma das obras fundamentais de Melville, escritor que passou à História como o criador de "Moby Dick".
Este conto parte da figura que lhe dá o título, Bartleby, escrivão em Wall Street, empregado no escritório de um advogado, e que tem na sua atitude de permanente negação uma forma de levar a cabo o privilégio da escolha: “preferia não o fazer”, é a frase pela qual traduz a sua postura perante a vida.
Como bem salienta Borges no prólogo que assina, a obra de Melville tem na solidão um dos seus vectores fundamentais e a atitude de Bartleby acaba por sublinhar essa distanciação, essa recusa no convívio entre humanos. A sua passividade mais não é do que uma leitura peculiar sobre a existência, reivindicando para si mesmo o direito à recusa, enquanto atitude filosófica.Não é de estranhar a alusão que Borges faz a Kafka, pois também aqui, nos surge uma visão da existência pautada pela estranheza, contudo, apoiada numa verosimilhança que se alimenta a si mesma, criando alicerces para uma leitura onde o fantástico cede terreno aos conceitos introduzidos, enfraquecendo gradualmente essa referida estranheza.
BARTLEBY, O ESCRIVÃO
Herman Melville
Editorial Presença
83 págs; € 12,00
In http://livros.sapo.pt/sugestoes/artigo/12374.html