São várias as castas políticas responsáveis pela desgraça a que o país
chegou.
Entre a irresponsabilidade e a demagogia a cheirar a voto, o desgoverno
trespassou pessoal de vários patamares do aparelho de Estado. Uns ainda gravitam
na zona de influência do poder, incluindo o económico, outros ascenderam ao
estatuto de "senadores" de um país falido e sobre o qual se pronunciam como se
nunca nada lhes tivesse passado à frente do nariz.
A imagem parecerá desproporcionada, mas não: em vez de adotar o perfil das boas donas de casa, ciosas das boas contas e de bom senso na defesa do bem-estar das famílias, o país viveu da defesa de interesses corporativos espúrios e de benesses irreais para aquecer os lugares do poder pela via da legitimação do voto popular.
A imagem parecerá desproporcionada, mas não: em vez de adotar o perfil das boas donas de casa, ciosas das boas contas e de bom senso na defesa do bem-estar das famílias, o país viveu da defesa de interesses corporativos espúrios e de benesses irreais para aquecer os lugares do poder pela via da legitimação do voto popular.
Amplificadora do défice, uma tal mistela só podia dar no que deu. Primeiro no
pedido de socorro internacional e depois na necessidade de pôr quem ainda tem
empresas ou emprego a trabalhar para alimento de um Estado governado durante
anos e anos por indigência em nome de interesses inconfessados.
Metidos num
beco, segue-se a única saída - eufemística, tardia, mas realista: a refundação
do Estado.
Aos poucos faz-se a descodificação do discurso ditirâmbico do atual
primeiro-ministro e já se percebeu: tarde e a más horas descobriu-se a
necessidade de recuperar a gestão das boas donas de casa, isto é, cingir as
despesas, incluindo as dos juros de uma dívida astronómica, às receitas
possíveis.
O ponto, agora, é saber como se processará o emagrecimento do Estado. A
discussão ideológica é atrativa mas será um erro dar-lhe foco exclusivo...
Para já o país parece estar em estado de choque. Cenariza-se o de mais óbvia
aplicação: retirar o Estado de áreas nas quais é mais empecilho do que fator de
desenvolvimento - ser dono de propriedades agrícolas, por exemplo, não lembra ao
careca! - e, em simultâneo, apertar a malha de benefícios da população em áreas
como a Saúde, o Ensino ou a Segurança Social.
Cortar, cortar, cortar. A utilização estafada do verbo desequilibra os dois
pratos da balança: direitos e deveres. E o resultado, como é evidente, é pouco
compreensível. Não atrai apoiantes.
Num Estado de bem, os cidadãos pagam impostos a um nível (in)suportável mas
sabem com o que contam: uma reforma planificada e garantida, um subsídio de
desemprego digno, hipóteses de dotar os filhos de Educação que lhes garanta o
futuro, confiança no tratamento aceitável de uma unha encravada ou uma cirurgia
às varizes. Já um Estado sem palavra, descredibilizado, caloteiro, sanguessuga,
muda as regras mês sim mês não, corta direitos aos cidadãos e ainda lhes saca e
volta a sacar mais e mais impostos, rivalizando com o melhor bandoleiro do
faroeste! Nem sequer se coloca a hipótese de escolha, plafonando exigências em
nome da solidariedade com o próximo....
Portugal está, assim, numa verdadeira encruzilhada.
Serve para quê o pagamento obrigatório de impostos segundo método aparentado
à pirataria? Apenas para sustento de um amiguista aparelho de Estado mandrião,
incluindo-se nele politiquinhos?
Depois queixem-se da subida exponencial da economia paralela.
Retirada daqui