segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A MARCIAL COMEMOROU O SEU 144º ANIVERSÁRIO; E A FESTA FOI BONITA!


Muito mais de meio século antes de terminar a segunda guerra mundial, já os habitantes de Fermentelos haviam percebido que as crianças pequenas que aprendem a tocar um instrumento musical, desenvolvem mais a capacidade de raciocínio do que aquelas que não o fazem

Fosse ou não por esta razão, o que é certo é que rapidamente se espalhou pela então aldeia, o conhecimento da indesmentível a forte correlação entre a educação da música e o desenvolvimento das habilitações que as crianças necessitam para se tornarem bem sucedidas na vida: foi por isso que em 1868 o Padre Alexandre Vidal fundou a Marcial, a mais antiga colectividade do concelho de Águeda e uma das mais antigas do distrito de Aveiro.


Começando por ensaiar num barracão de eira com tapetes de esteiras de bonho, e sob a iluminação de candeeiros de petróleo e lascas secas e resinosas, esta filarmónica mantem-se desde então em actividade ininterrupta, resistindo às consequências de duas guerras mundiais, aos ciclos da emigração e às purgas da guerra colonial, fazendo sacrifícios e ultrapassando dissabores para calcorrear o caminho da responsabilidade e do compromisso.Doze dúzias de anos depois, o que a história da colectividade torna evidente é que a Marcial se assemelha a uma partitura eternamente incompleta, e onde a alma não pode ser pequena para que tudo valha a pena, porque os padrões da sua exigência percorrem sempre um tortuoso caminho até serem conduzidos ao paradigma da excelência. 


E em todo este percurso, a Banda Velha, ou Rambóia como é carinhosamente conhecida por todos, vem mantendo as linhas mestras da sua origem, o que a torna num autêntico corpo em brasa, com uma raça imensa e com a vontade nos limites: é por isso que ser dirigente, maestro, executante ou simplesmente associado da Rambóia, é ser-se inconformado por natureza, é ter alma quente, é querer sempre mais e melhor, um inconformismo que, inapelavelmente associado à sensatez e à responsabilidade, se traduz no empenho e na paixão pela música.


Ao assinar o livro de honra dos seus 144 anos, a Banda Velha marcou este registo com a realização de um programa que por si só explica a dimensão da sua grandeza. Depois do protocolar hastear de bandeiras na sede social, realizou-se uma missa de acção de graças e por sufrágio de todos os ramboianos falecidos, seguida de uma romagem ao cemitério paroquial. 


Ao final da tarde, o concerto de aniversário no auditório da sede social, um momento sempre muito aguardado pelo muito público presente, no qual a Marcial executou um repertório especialmente escolhido para a ocasião e que não defraudou as expectativas dos mais exigentes. Foi também durante o concerto que o maestro Hugo Oliveira fez a apresentação pública de cinco novos executantes, todos oriundos da escola de música da colectividade: Margarida Sampaio (oboé), Francisco da Ana (saxofone alto), e Martim Pires, Rodolfo Pires e Francisco Silva (percussão).


Com a presença de representantes da câmara municipal (Jorge Almeida), da junta de freguesia (Carlos Nolasco), da União de Bandas de Águeda (Castro Madeira), de dirigentes e maestros de outras bandas e de outras colectividades locais, a comemoração da efeméride culminou com um jantar de confraternização com casa cheia, no qual foi possível confirmar que a Banda Velha só é o que é, porque não se esgota no mediatismo das suas actividades ou personalidades, razão pela qual o património que vem erguendo vai muito para além daquilo que os olhos deixam ver. 


E na hora em que o champanhe estoirou por ser de festa, o presidente da direcção (Rui Rainho) fez um balanço da actividade desenvolvido durante o ano, agradecendo a maestros e executantes, a monitores e alunos da escola de música, aos membros dos órgãos sociais e a todos aqueles que anonimamente apoiam a Marcial em todos os momentos, quais formigas laboriosas a quem o sol nunca queima nem o vento incomoda, a quem a garganta nunca seca, o sono nunca vence e a espera jamais aborrece.


Foi também a todos, mas de uma forma especial aos mais jovens membros da família da Rambóia que Celestino de Almeida, o representante máximo dos associados e da assembleia geral a que preside, dirigiu um público ‘muito obrigado’ pela afectividade, pelo sacrifício, pela dedicação, pela emoção, e pela compreensão, lembrando que todos não são demais para, dinamizando-a e mobilizando-a com contagiante dedicação, empenho e alegria, levar ainda mais longe o nome da sempre renovada Banda Marcial.


Foi assim no passado sábado, dia 27; a Marcial comemorou a passagem do seu 144º aniversário, e a festa foi bonita!