A ALAMEDA E A CIDADE

Numa das últimas reuniões, o senhor presidente referiu que pela primeira vez os vereadores da oposição reconheciam as dificuldades na execução da Alameda, dando a entender que este é um projecto pelo qual a oposição não nutre particular simpatia.


Como se percebe, trata-se de uma perspectiva sem qualquer fundamento, até porque adjudicação da obra foi aprovada por unanimidade.

Não obstante, importa no entanto que se perceba que, em relação a esta obra, há fundadas razões para divergir da concepção e projecto da obra. Para tanto, basta ter em conta o que foi escrito sobre a ‘Avenida da Liberdade’, na cidade do Porto, pelo historiador Germano Silva.

Lê-se neste artigo: «O centro da praça era o local de convívio de comerciantes, jornalistas, professores, poetas e outros escritores. Criara-se o hábito (…) daquelas pessoas, em certos dias, ao cair da tarde, juntarem-se no centro da praça e andarem de um lado para o outro a conversar, a trocar ideias e, não raras vezes, a conspirar. Com seus cafés, as suas lojas e a cavaqueira de fim de tarde, a praça, ao findar o século XIX, ainda era o centro nevrálgico da vida citadina. Mas começava a ficar estrangulada. O espaço era demasiado pequeno para tanta vida e tamanha agitação. É então que surge o projeto do inglês Barry Parker que viria a ser aprovado mas só depois de uma ampla discussão e de muitas alterações ao projecto.»

É exactamente por isto que há muito boa gente que continua a manter divergência em relação à Alameda: é que aqui, em Oliveira do Bairro, está a ser concluída uma Avenida que não tem uma praça, numa execução que não foi precedida da mais diminuta discussão pública sobre o assunto: o que significa que se avançou para esta grandiosa obra, ignorando aquilo que há mais de um século já era importante, e que nunca perdeu actualidade nem deixou de ter razão para existir: a discussão pública sobre os projectos dos centros cívicos urbanos.