
Arregaçando mangas, aproveitaram o dia para abrir o
pequeno comércio. O tempo não está muito para folias, cravos vermelhos, slogans.
Está mais para mudar de vida e de hábitos.
Gostei porque, para além das festas
das ruas, também houve uma verdadeira festa nas compras no Pingo Doce. Com
gente a trabalhar nas caixas e na reposição de stocks.
E aqui, como em muitas coisas, não entendo nem
uns nem outros. Estão sempre a bater no governo com o desemprego, os baixos
salários, a miséria de uns e a pobreza de outros. Mas eis que aquele
Supermercado resolveu baixar os preços em 50% e logo de todos os quadrantes se
ergue um coro protestos. Curioso é que nunca ninguém se preocupou com o
agricultor a trabalhar todo o ano.
Sem feriados.
E logo saltaram os sociólogos
de serviço, que ainda não aprenderam que os portugueses adoram bónus e borlas. Esquece-se
a Esquerda e a passarada que este foi o melhor bodo para gente de baixos
rendimentos, que encheu a despensa por metade do preço, uma verdadeira festa e
esqueceu por uns momentos a voraz crise. Em tempo de crise, os portugueses
preferem o pão às rosas.
Esta campanha teve outro mérito: mostrou como o suor do produtor é
chulado pelas grandes superfícies, pelos mercados. Para o produtor fica o cêntimo,
para os hipers os milhões e para o consumidor uma factura incomportável. Com
esta situação é que já se deveria ter preocupado Assunção Cristas.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 10 de Maio de 2011