
Estas ideias significam lidar com
outras nações poderosas de uma maneira prática, em detrimento de uma base de
política doutrinária e tratando nações menos poderosas de forma muitas vezes
humilhantes. Foi o que aconteceu com as ações diplomáticas no tempo de Nixon
para lidar com a República Popular da China.
Um último exemplo é a que se
refere à Ucrânia. Condenada a sete anos de prisão por ter ultrapassado o limite
de suas competências ao assinar os contratos de gás com a Rússia, a ex-primeira-ministra
da Ucrânia, Júlia Timochenko, entrou em greve de fome. Para evitar problemas
internacionais as autoridades ucranianas têm brutalmente usado a polícia
prisional para fisicamente pressionar a detida a abandonar este protesto
incómodo para o poder ucraniano.
Como resposta, os líderes
europeus pensam em boicotar o Europeu 2012 que se vai realizar nesse país e na
Polónia não indo à sessão de abertura na Ucrânia. Desde os russos liderados
pela oligarquia pseudo democrática de Putin (pressionaram Júlia ao limite do aceitável)
até Angela Merkel, passando Durão Barroso, entendem que o boicote é uma forma
legítima de pressionar os ucranianos.
A pergunta é: onde andavam estes
mesmos líderes quando se realizaram os Jogos Olímpicos na China, um país onde
situações destas que estão a afetar a corajosa Júlia Timochenko, são
brincadeiras de crianças?
Sempre é mais fácil boicotar os
mais fracos.
António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 10 de Maio de 2012