segunda-feira, 30 de abril de 2012

AS CONTAS E OS COMPROMISSOS PLURIANUAIS DO MUNICÍPIO DE OLIVEIRA DO BAIRRO


No cumprimento da lei (al. a) do nº 1 do artº 15º da Lei nº 8/2012, de 21 de Fevereiro - Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso), o presidente da câmara de Oliveira do Bairro emitiu em 23 de Março último uma declaração da qual consta que todos os compromissos plurianuais existentes em 31 de Dezembro de 2011 se encontram devidamente registados na base de dados do município, pelos montantes globais aí discriminados, e que, em síntese, reflectem a obrigação de o município ter de efectuar pagamentos num montante superior a 20.000.000,00 de euros, sendo que já no corrente ano de 2012 essa obrigação ronda um montante próximo de 9.000.000,00 de euros.


Não obstante, o que pode ler-se na conclusão (pág. 24) do Relatório de Gestão de 2011, é que o município se encontra numa situação de estabilidade económico-financeira.

A propósito da Prestação de Contas de 2011, recorda-se aqui o principal argumento para a sua votação favorável (em 2011 verificou-se a maior a taxa de investimento de sempre; esta declaração é, no entanto, contrariada pelo facto objectivo de em 2011 o valor investido na actividade desenvolvida pela câmara municipal realizada ao longo do ano ter sido de 12.177.972,37€ quando, no ano anterior foi investido um valor de 12.996.276,00€ ou seja, mais 818.306,36€ que em 2011) e para a sua votação desfavorável (o capital em dívida de médio e longo prazo, que se traduz no capital em dívida aos bancos, vem aumentando pragressivamente, atingindo em 2011 o valor mais elevado de sempre: e assim, se em 2009 era de 10.176.970,58€, em 2010 subiu para 11.623.933,38€, e em 2011 para 12.676.708,18€ ou seja, mais de um milhão de euros que no ano passado), e bem assim a principal revelação contida no Relatório de Gestão da Prestação de Contas de 2011 do município de Oliveira do Bairro.

Interessa por isso reter os aspectos principais da intervenção de André Chambel na reunião da assembleia municipal da passada sexta-feira, na qual referiu: «o que podemos verificar é que apesar da condição económica do país, o que transparece do Relatório da Gestão municipal de Oliveira do Bairro do ano de 2011, é (…) que o município insistiu em viver bem acima das suas possibilidades, por mais um ano consecutivo, e por isso mesmo incomportável para fazer face à situação de crise que se atravessa.  

O que resulta da análise do Relatório da Gestão de 2011, é que o município de Oliveira do Bairro vem apostando, e mostra intenção de continuar a apostar (…) num claro desinvestimento nas áreas que são mais sensíveis tais como a protecção civil / segurança e ordem pública (-30%), a protecção do meio ambiente (-60%), o ordenamento do território (-100%),etc.. Nesta altura de crise, apesar de todo o anterior referido, o município aumentou, no entanto, e bem a despesa em Acção Social em 100.000,00 € (mais de 45%).

De relevar ainda a atenção às nossas preocupações do ano passado na indústria e energia, mais propriamente nas Zonas Industriais. Passámos de 65.700,00 para 73.500,00€ (+12%). Nesta que é uma área estratégica para o emprego, investimento privado e fixação de população no concelho, demonstra bem que este executivo não está a acautelar as dificuldades futuras do concelho.

Relativamente à água e saneamento, por força da transferência para a AdRA da gestão das redes municipais em baixa de água e saneamento básico durante um período de 50 anos a queda foi esmagadora. Assim sendo, quando a realidade evidencia a redução de investimentos nas zonas industriais (que favorecem a não criação de emprego e fixação de pessoas), o que o executivo entendeu realçar no Relatório da Gestão de 2011, foi o seu sentido de oportunidade e visão estratégica para justificação da conquista de fundos comunitários (a construção de cinco Novos Polos Escolares, Casa da Cultura e Nova Alameda da Cidade resultado do esforço).

Oportunidade esta saudada (...), mas que mais uma vez, nos demarcamos da opção pela proliferação de centros escolares e pela Casa da Cultura. Só que, mais um ano passa e nada diz quanto ao reverso desta medalha ou seja, omite o facto de a construção de tais equipamentos traduzir um investimento em obras que não só não libertam recursos como ainda por cima continuam a consumi-los com as necessidades da sua conservação, manutenção e funcionamento.

Necessidades estas que surgirão todas de uma vez e de forma constante. Apesar da relevância e pertinência de alguns dos investimentos em curso, no âmbito da Administração Local, da Educação, da Regeneração Urbana e da Cultura, ao descurar investimentos que tragam retorno financeiro no futuro, o Executivo está a por em causa as receitas necessárias para provir os cortes nas transferências do Estado Central que se avizinham e permanecerão, assim como a reorientação e posterior fim dos apoios comunitários ao investimento em infra-estruturas no futuro».