sábado, 18 de junho de 2011

UM CICLO DE ESPECIALISTAS

Pedro Passos Coelho fez um Governo em tempo recorde, jovem e de pendor marcadamente técnico. O traço mais sintomático está no núcleo de Finanças e Economia.

Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira são dois reputadíssimos técnicos mas resta saber, como sempre nestas coisas, que capacidade política têm para gerir uma conjuntura de dificuldades inauditas em matéria de contas públicas, crescimento e desemprego.

Têm, porém, a enorme vantagem do conhecimento, da juventude e da energia necessárias para enfrentar a missão. Também na Saúde, com Paulo Macedo, e na Educação, com Nuno Crato, estão ministros de capacidade técnica comprovada. Macedo é um gestor de créditos firmados tanto no sector privado como no público e Nuno Crato tem uma visão da educação exterior aos habituais lobbies do sector.

Num plano mais político, regista-se a escolha de Paula Teixeira da Cruz para a Justiça e de Miguel Macedo na Administração Interna. O Governo mantém a Justiça entregue a uma pessoa do sector mas com uma visão crítica sobre vários aspectos corporativos e Miguel Macedo é exterior aos tradicionais grupos de interesses da área da segurança interna.

No essencial, estamos perante um Governo que promete grande capacidade executiva e que, nesse sentido, é um executivo de esperança. Terá um pequeníssimo estado de graça por força das circunstâncias económicas e sociais mas espera--se que, pela capacidade de diálogo e de aceitação da crítica construtiva, da afirmação ética e da transparência, represente também aí uma efectiva mudança de ciclo.

Eduardo Dâmaso, aqui