sábado, 18 de junho de 2011

O NOVO GOVERNO E OS CÍNICOS E ENTENDIDOS DE SEMPRE

A concentração de pastas e políticas aconteceu como era previsível e todos podemos intuir que o processo teria ido ainda mais longe, não fosse para tal necessário mexer em leis orgânicas.

Mas pelo que já pudemos ouvir ontem de doutos tele-especialistas em ciências políticas, se mais houvera mais dúvidas filosóficas e metódicas teriam povoado a noite dos comentários sobre quem poderia ser quem em vez do ministro real.

A dúvida que mais se ouviu foi a da falta de experiência política de ministros como o das Finanças, Vítor Gaspar, que não consegue apaziguar as almas dos comentadores de sempre, apesar do seu currículo técnico e respaldo institucional tão forte como podem ser o de ter trabalhado com o Banco Central Europeu ou com o Banco de Portugal.

Que sim, mas... Falta-lhes experiência, dizem esses especialistas da ciência política que capricham na amnésia, uma vez que todos nos recordamos de lhes termos ouvido comentar: Que sim, mas... São sempre os mesmos. Referindo-se a ministros com vastas carreiras partidárias, que, por isso mesmo, não conseguiam levar por diante políticas para o povo. Ou seja: políticas libertas dos interesses partidários.

Portanto: se já percebemos que esses analistas são pau para toda a colher, resta--nos a esperança de que os novos ministros, catalogados de inexperientes, não o sejam.

Por mim, que não os conheço, aos ministros, é claro, espero que tenham sucesso, porque, entre a crise europeia e os nossos próprios problemas estruturais, vai ser precisa muita coragem.

E, como aqui escrevi há dias, o mais importante era mesmo juntar temas e políticas. E nesse aspecto o que Passos Coelho apresentou merece um bom benefício de dúvida: a pasta da Economia, que junta as Obras Públicas e o Emprego, e a da Agricultura com o Ordenamento do Território, o Mar e o Ambiente são os melhores exemplos.

A ideia de que pode haver gente nova capaz de dar um novo crédito à coisa pública é demasiado entusiasmante para ser morta à nascença pela velha e relha ideia de que a antiguidade é um posto. Por isso, não entendo que se possa negar um tempo de benefício a um equipa governativa que inclui quatro ministros sem filiação em qualquer dos partidos coligados e ostentam credenciais técnicas.

Afinal, esses analistas e comentadores pouco têm para dar aos seus concidadãos, além de um cinismo militante com o qual conseguem fazer-se passar por entendidos na matéria. Ou mesmo por entendidos em todas as matérias possíveis e imaginárias...

Até ao dia em que percebemos que eles não são nada entendidos naquilo em que nós próprios estamos um pouco informados.

Manuel Tavares, aqui