segunda-feira, 20 de setembro de 2010

UNS SÃO MAIS IGUAIS QUE OUTROS

No início de cada ano lectivo faço sempre a mesma pergunta: "E os filhos (ou netos) dos ministros da Educação, do primeiro-ministro e dos secretários de Estado da Educação, estudam onde?

Gostava de saber. Será que os digníssimos responsáveis pela educação dos nossos filhos deixam os seus meninos ser ensinados pelos professores que eles contratam, segundo as normas que eles redigem e nas condições que eles determinam? E será que vão às reuniões de pais refilar porque os tectos da escola estão a cair, os horários das actividades extra- curriculares são estranhos, a segurança é pouca e o kit de educação sexual é inacreditável? Não imagino: "Desculpe lá, ó senhora professora, mas o que é que o agrupamento disse destes roubos que tem havido na escola e do desaparecimento dos livros do meu filho (ou neto)? A direcção regional já respondeu? Se calhar o melhor é escrever ao ministro, não?! Isto é inadmissível!"

Ou será que os titulares das pastas de Educação do nosso país escolhem o ensino privado para os seus filhos? Poderão eles achar que o ensino privado é melhor que o público, que as escolas privadas dão mais garantias que as públicas? E porquê? Será que não acreditam que o sistema que administram, sustentam e defendem serve para os seus filhos e, no entanto, impõem-no a todos os outros, a todos aqueles que não podem optar pelo ensino privado por não terem dinheiro nem poderem escolher a escola pública onde inscrever os filhos porque a lei não o permite? Gostava mesmo de saber.

Inês Teotónio Pereira, aqui