sábado, 25 de setembro de 2010

"SE FOR PARA A CADEIA BEBO-LHES O VINHO TODO"

José Rodrigues está a ser julgado após ter sido apanhado a conduzir alcoolizado uma carroça puxada por um burro.

"Bebo diariamente, mas não ando acelerado." O desabafo, feito perante o Tribunal de Celorico da Beira, é de Jorge Rodrigues, que foi levado à justiça, pela segunda vez, depois de ter sido apanhado a conduzir, alcoolizado, uma carroça com um burro atrelado. A carroça e o burro garantem o sustento do agricultor, mas o Ministério Público (MP), que reconheceu o absurdo da situação, defende a condenação do homem, já que "está em causa a condução de um veículo".

O agricultor assumiu que não tem dinheiro para pagar as multas e que prefere ir para a cadeia, mas, alertou, que vai "beber o vinho todo que lá tiverem". Jorge Rodrigues, que já este ano foi condenado numa pena de multa e na inibição de conduzir veículos com motor por sete meses, foi ontem julgado no Tribunal de Celorico da Beira. Os factos remontam a 3 de Fevereiro, quando o homem, que seguia na carroça na companhia da mulher, regressava a casa e quase provocou um acidente.

Circulava fora de mão, sem luzes e embriagado. No teste, feito pela GNR, acusou uma taxa de alcoolemia de 3,26. Foi acusado de condução sob o efeito do álcool, condução fora de mão e circulação sem luzes. Ontem, o tribunal ouviu os agentes da GNR e o condutor do veículo com quem a carroça quase chocou. O condutor reconheceu que "só não chocou com a carroça por milagre".

Ao tribunal Jorge Rodrigues declarou-se "arrependido" e reconheceu "beber diariamente". Um argumento que não convenceu a delegada do MP que lembrou que, "apesar de ser uma situação um pouco absurda", o agricultor "conduzia um veículo embriagado".

E pediu a condenação do agricultor porque, justificou, "o legislador não distingue se é um veículo com motor ou sem motor, pelo que qualquer veículo pode pôr em causa a segurança". Um argumento que vai de encontro ao entendimento da advogada de defesa. "Trata-se de um veículo e naquele estado o meu cliente não devia, como reconheceu ao tribunal, conduzir o veículo", disse ao DN Andreia Neves.

Esta é a segunda vez que Jorge Rodrigues compareceu na justiça. Em Agosto esteve pela primeira vez no tribunal. Tinha sido detido pela GNR depois de detectado a conduzir o burro com uma taxa de alcoolemia de 2,84.

À saída do tribunal desabafou que não tenciona pagar uma eventual multa porque não tem dinheiro. "Que me levem para a cadeia. Bebo-lhes o vinho todo que lá tiverem", afirmou.

Amadeu Araújo, aqui