sábado, 25 de setembro de 2010

RUPTURA TOTAL ENTRE PASSOS COELHO E SÓCRATES

O encontro de terça-feira em São Bento pôs fim ao que restava da confiança entre primeiro-ministro e líder da oposição. Sócrates apontou "inverdades" ao que o PSD disse sobre o encontro. Passos quer testemunhas para futuras reuniões.

Azedou definitivamente o ambiente entre Passos Coelho e José Sócrates. O líder do PSD afirmou ontem que só aceitará voltar a conversar com o primeiro-ministro na presença de testemunhas. "Foi com muita estupefacção que ouvi a reacção do primeiro-ministro e nunca pensei ter de dizer o que vou dizer, que não haverá nenhuma outra ocasião no futuro em que o líder do PSD volte a conversar em privado com o primeiro-ministro sem que existam outras pessoas que possam testemunhar a conversa", disse, falando a jornalistas em Ponta Delgada.

Recusando dar explicações, porque "as pessoas já estão suficientemente assustadas e desorientadas com o que se tem vindo a desenvolver à volta da questão da crise económica e do Orçamento do Estado", acrescentou, porém, que "quando acaba a boa-fé entre as partes e quando as propostas que cada um apresenta são armas de arremesso contra quem as propõe, transforma-se a discussão numa espécie de guerra entre PSD e Governo, quando o que está em causa não é uma guerra, é saber como o País resolve o problema do défice".

Passos reafirmou que "o PSD entende que um bom OE para o País deve ser conseguido sem penalizar mais as pessoas". "São as pessoas que estão a pagar mais imposto e não é justo que o Estado queira penalizá-las com mais impostos porque não faz o que devia fazer, emagrecer as despesas do Estado", afirmou.

O que aparentemente deu azo à ruptura foi o facto de Sócrates, em Nova Iorque, ter acusado o PSD de estar a dizer "inverdades" quando o acusou de ter revelado conversas sigilosas que teve com Passos.

"É uma inverdade que o Governo tenha revelado alguma conversa secreta. Depois de ter falado com o dr. Passos Coelho, eu próprio lhe disse que isso deveria ser do conhecimento dos portugueses - e estivemos ambos de acordo em revelar essa conversa, a proposta do Governo e a resposta do PSD", afirmou.

Acrescentando: "Há por aí muita gente a querer apresentar desculpas, mas a verdade verdadinha é esta: o Governo propôs negociar previamente o Orçamento e o PSD disse que não."

Sócrates começou também a prevenir-se contra a eventual tentação de Cavaco Silva para governos de iniciativa presidencial (algo que aliás o próprio recusou em tempos): "Não é ao Presidente que compete fazer governos, não é ao Presidente que compete resolver os problemas, isso compete aos partidos e lamento que os partidos se tenham colocado na posição que agora exige ao Senhor Presidente fazer consultas."

João Pedro Henriques, aqui