domingo, 19 de setembro de 2010

"QUANDO PEDIRES O DIVÓRCIO ENCOMENDO O TEU CAIXÃO"

Joaquim Santos pegou num revólver e fez jus à ameaça que, no dia anterior, deixou no Café S. Tiago. “Qualquer dia passo-me da cabeça”, ouviu-se naquele estabelecimento de Vila Seca, em Barcelos. Ontem de manhã, sábado, o filho mais novo encontrou o pai e a mãe mortos.

Maria Isabel Martins, natural de Amorim, Póvoa de Varzim, já há muito que queria deixar a vida a dois. Casada com Joaquim Santos, um homem nervoso e que vivia dos trabalhos com o seu tractor, a mulher, desempregada, sentia o peso de uma relação que vivia de ameaças. “Ela queria separar-se dele”, disse, ao JN, Emília Santos, prima do presumível homicida.

Ontem, sábado, cerca das oito horas, o filho mais novo do casal, dirigiu-se à casa dos pais para levar a mãe às compras. Logo cedo se apercebeu que algo não estava bem. “Ele tentou ligar para o telemóvel da mãe, mas não atendia. Tentou para casa e não teve resposta”, continuou Emília Santos.

Após ter forçado a entrada, pelas traseiras, o cenário encontrado fez jus a uma das frases de Joaquim Santos: “Quando me apresentares o divórcio encomendo-te o caixão”, lembrou a prima de Joaquim Santos.

Segundo vários relatos, o filho mais de novo de Joaquim e Maria Isabel encontrou a mãe, morta, no quarto do casal, e o pai, com um revólver na mão, sentado no sofá, também sem vida.

“Nós pensávamos que ele já não tinha nenhuma arma, pois parece que a GNR já lhe tinha apreendido uma caçadeira”, contaram os vizinhos que não quiseram relevar a identidade. Mas Emília Macedo confirma esta tese. “A GNR já aqui tinha vindo e apreendeu-lhe a caçadeira, pois a minha prima já tinha feito queixa das ameaças”, explicou a também vizinha do casal, que desconhecia que Joaquim Santos ainda mantinha na sua posse um revólver, que terá usado para matar a mulher e, de seguida, suicidar-se.

Maria Isabel Martins por diversas vezes terá tentado fugir de casa e os próprios filhos, dois rapazes adultos, casados e com filhos, também terão aconselhado a mãe a sair de casa. “Muitas vezes ela saía de casa. Esperava na rua até que ele acalmasse e depois regressava”, contou Emília Santos.

Também os vizinhos relatam histórias de embriaguez de Joaquim Santos. “Ele era uma pessoa algo violenta, apesar de nunca ter criado problemas em público. Tinha muitos problemas, devido ao álcool e à desobediência às autoridades, pois conduzia muitas vezes bêbado”, contam os vizinhos, que explicam ainda que Joaquim Santos estava referenciado pelas autoridades.

Nuno Cerqueira, aqui