segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONSTIPAÇÃO É A DOENÇA MAIS COMUM NO REGRESSO ÀS AULAS

A escola é o ambiente mais propício à propagação de vírus e ao aparecimento de problemas de saúde, como infecções respiratórias, varicela ou piolhos.

Pais e educadores devem estar atentos aos sinais, como febres ou diarreias. Piolhos, constipações, problemas respiratórios, ansiedade. O regresso às aulas traz consigo vários problemas de saúde às crianças e aos adolescentes.

João Francisco tem cinco anos. O próximo aniversário é só em Dezembro, o que faz dele um dos alunos mais novos do 1.º ano da Escola EB1 de Santo António, em Lisboa. "A adaptação não está a ser fácil. Não chora, mas mostra-se ansioso quando o venho trazer de manhã à escola", conta a avó, Anabela Carvalheira. "Em casa costuma abordar o assunto e está sempre a dizer que esta 'escolinha não tem televisão'."

A mudança de escola e de amigos é apontada pelos especialistas como um dos principais factores de desconforto nas crianças, no recomeço do ano lectivo. Embora sejam raros, há casos graves que podem levar à depressão e completa inadaptação a um novo ambiente. "É uma altura em que sentem muita pressão em casa e até na escola, se for muito exigente", explica o psicólogo Pedro Hubert.

Mas as preocupações da avó Anabela não se ficam por aqui: "Temos de estar sempre muito atentos porque o Francisco é uma criança muito sensível às constipações. Costuma ficar doente com muita facilidade".

Os vírus são facilmente propagados em ambiente escolar, o que faz das constipações o problema de saúde mais comum depois do fim das férias. "Embora resultem muitas vezes apenas no vulgar pingo no nariz, é preciso estar-se atento a outras complicações", alerta a enfermeira Sofia Pimenta, especialista em saúde infantil.

Já para a mãe de Nereia, de 9 anos e a frequentar o 4.º ano da mesma escola, a maior dor de cabeça são mesmo as pragas de piolhos. "Todos os anos aparece em casa com este problema. É uma chatice", desabafa Maribel Annes. "São difíceis de matar e tenho de repetir o tratamento pelo menos duas vezes para garantir que desaparecem de vez. E o problema é que o champô para eliminar os piolhos é muito dispendioso. Costumo pagar mais de 20 euros a embalagem."

Os piolhos, além de incomodativos, são também persistentes: afectam as crianças independentemente da idade ou estrato social. "São um problema frequente em muitas escolas. E não é fácil eliminar o contágio, porque há pais que continuam a mandar o filho à escola, apesar de saberem que vão passar os piolhos às outras crianças", acusa Maria João Brito, da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Acontece por isso com frequência, que as crianças ao longo do ano tenham pragas sucessivas destes incómodos insectos que se alimentam de sangue.

Beatriz e Guilherme, 7 e 5 anos, são irmãos e vivem a escola de maneira diferente. Enquanto ela mostra vontade de chegar depressa às aulas para brincar com as amigas, ele é mais tímido e reservado. "É o primeiro ano aqui nesta escola. E a adaptação só está a ser mais fácil por causa da irmã", conta a mãe. "Eu gosto muito de andar na escola, e aprender a fazer o pino, a roda e cambalhotas", atira Beatriz. Por outro lado, enquanto o mais novo leva pouca coisa no saco que leva às costas, no caso de Beatriz, às vezes tem de ser a mãe a levar a mochila até à escola. "Tento poupar as costas dela quando é preciso trazer coisas mais pesadas. Ela ainda é muito pequena."

Outro problema a ter em conta é a alimentação mais descuidada fora de casa, com os especialistas a alertarem para a necessidade de as crianças levarem para a escola lanches saudáveis, como uma sanduíche, fruta ou um iogurte, em vez de bolachas ou alimentos com açúcar.

Já a varicela, embora seja uma doença ainda muito presente nas escolas, não tem sido de maior preocupação para os pais.

Catarina Cristão, aqui