Cada um de nós foi asa e grito
Nesse antigo pomar de flores e pomos!...
Hoje, somos estátuas de granito
Tentando eternizar de Alma e Infinito
Dentro de nós – aquilo que já fomos!
Pedro
Zargo (Luis Regala)
Três décadas depois de deixarmos
Coimbra,
estamos aqui de novo,
num reencontro que a muitos só
agora voltou a ser possível.
A alguns outros,
(felizmente poucos),
encarregou-se a lei da vida de
os impedir de aqui estarem entre nós.
essa doce irmã do sono que,
como a definiu Agostinho da
Silva,
deve,
como o som e a cor,
ser falsa, exterior e passageira.
É aquela realidade dura que,
como Zeca Afonso a cantou,
sai à rua num dia assim,
num lugar sem nome,
p’ra qualquer fim…
É a sua crueza que nos faz
perceber
que para tudo há uma ocasião
certa,
e que para cada propósito
há um tempo certo
– até para a morte!
Sim!
Qualquer laico sabe
que há um tempo de destruir e um
tempo de construir,
um tempo de chorar e um tempo de
rir,
um tempo de procurar e um tempo
de desistir.
Também os ignotos sabem
que há um tempo de rasgar e um
tempo de coser,
um tempo de calar e um tempo de
falar.
E até os insensíveis sabem que,
além de um tempo de ódio, de
luta e de morte,
há também um tempo de amor, de
cura e de vida em paz.
Todos sabemos, enfim,
que há um tempo de nascer e um
tempo de morrer,
e foi com a ciência que
aprendemos que, afinal, não viemos do pó.
E quando os nossos espíritos
navegarem
por límpidos mares de luz nunca
dantes navegados,
estaremos, então,
a caminho de nos transformarmos
em pó.
E nesse momento de festa e de
comunhão,
elevaremos bem alto os cálices,
evocaremos os gregos Baco e
Dionísio,
esses olímpicos deuses do vinho,
das festas e da diversão,
e brindaremos,
felizes, à amizade dos Colegas
que partiram, é certo,
mas que, espiritualmente,
permanecem entre nós,
porque a morte levou-os desta
vida,
mas não apagou a sua memória,