sábado, 12 de setembro de 2015

HOMENAGEM AOS COLEGAS DE CURSO QUE PARTIRAM



Cada um de nós foi asa e grito
Nesse antigo pomar de flores e pomos!...
Hoje, somos estátuas de granito
Tentando eternizar de Alma e Infinito
Dentro de nós – aquilo que já fomos!

 Pedro Zargo (Luis Regala)

Três décadas depois de deixarmos Coimbra,
estamos aqui de novo,
num reencontro que a muitos só agora voltou a ser possível.

A alguns outros,
(felizmente poucos),
encarregou-se a lei da vida de os impedir de aqui estarem entre nós.

A morte,
essa doce irmã do sono que,
como a definiu Agostinho da Silva,
deve,
como o som e a cor,
ser falsa, exterior e passageira.
É aquela realidade dura que, como Zeca Afonso a cantou,
sai à rua num dia assim,
num lugar sem nome,
p’ra qualquer fim…


É a sua crueza que nos faz perceber
que para tudo há uma ocasião certa,
e que para cada propósito
há um tempo certo
até para a morte!

Sim!
Qualquer laico sabe
que há um tempo de destruir e um tempo de construir,
um tempo de chorar e um tempo de rir,
um tempo de procurar e um tempo de desistir.

Também os ignotos sabem
que há um tempo de rasgar e um tempo de coser,
um tempo de calar e um tempo de falar.

E até os insensíveis sabem que,
além de um tempo de ódio, de luta e de morte,
há também um tempo de amor, de cura e de vida em paz.

Todos sabemos, enfim,
que há um tempo de nascer e um tempo de morrer,
e foi com a ciência que aprendemos que, afinal, não viemos do pó.

E quando os nossos espíritos navegarem
por límpidos mares de luz nunca dantes navegados,
estaremos, então,
a caminho de nos transformarmos em pó.
E nesse momento de festa e de comunhão,
elevaremos bem alto os cálices,
evocaremos os gregos Baco e Dionísio,
esses olímpicos deuses do vinho, das festas e da diversão,
e brindaremos,
felizes, à amizade dos Colegas que partiram, é certo,
mas que, espiritualmente, permanecem entre nós,
porque a morte levou-os desta vida,
mas não apagou a sua memória,