sexta-feira, 10 de abril de 2015

COSTA E COELHO, UMA ESCOLHA DIFÍCIL

Escrevo este texto para partilhar a minha dificuldade eleitoral de, quando chegar a altura, optar entre Passos Coelho e António Costa.
 
Ambos têm qualidades e defeitos. Vejamos.
 
Ouvi hoje à tarde, na televisão, parte de um discurso de Passos Coelho. E fiquei especialmente alerta quando ele referiu que, pela primeira durante décadas, Portugal consegue agora financiar-se e está a pagar as suas dívidas para com o exterior. Compartilho inteiramente a posição de Passos Coelho: durante décadas (não sei a data exacta) termo-nos, todos, Estado, empresas e famílias, endividado no estrangeiro levou a 3 crises financeiras, da última das quais estamos a sair agora. Portanto, acho que Passos Coelho tem essa qualidade importante: em termos económicos, compreende o essencial.
 
António Costa é um político diferente. O seu discurso denuncia a grave situação social que o país vive em consequência do programa de ajustamento acordado com a troika. Para dar um exemplo, calcula-se que o desemprego em sentido lato (que engloba aqueles que, desencorajados, deixaram de procurar emprego) ultrapasse os 20%. Ou seja, em cada cinco pessoas da população activa (se não me engano, dos 15 aos 74 anos), há uma pessoa que podia estar a trabalhar mas não está.
 
E é assim, com um discurso que denuncia as injustiças mas que ao mesmo tempo pretender ser mobilizador para as combater, que Costa se apresenta ao eleitorado. Costa e Coelho têm um dilema simétrico: se Passos dá pouca atenção aos aspectos sociais, aconselhando as pessoas a emigrarem, Costa quer um Estado mais protector em termos sociais, mas não se comprometeu em manter os equilíbrios económicos que hoje temos, e que tanto nos custam, embora sejam desejáveis.
 
Ainda faltam cinco meses até às eleições.
 
Até lá decido.
 
Eduardo Ferreira, aqui