sábado, 11 de abril de 2015

A FESTA DAS ASSOCIAÇÕES

Querer
é quase sempre poder:
o que é excessivamente raro
é o querer.
 
Alexandre Herculano

Fui assistir à noitada da festa das associações, que por mais que o vereador (das obras municipais) apregoe que pode ter tudo a ver com o tal momento que se quer de “convívio são e alegre entre as pessoas e as instituições concelhias”, tal como se escreveu na nota de abertura de agenda municipal, ou como alguém mandou o vereador das outras obras (as ditas particulares) dizer o tal momento excepcional para a população “ver e ouvir muito do que se vai fazendo no concelho em matéria de associativismo”, tal como se leu na brilhante entrevista publicada na imprensa local.
 
Por isso mesmo, e tendo em conta estes oportunos esclarecimentos de cácarácácá, todo o concelho ficou a saber, sem margem para quaisquer dúvidas, que este evento de modo algum constitui um deprimente e vergonhoso registo comemorativo do renascimento do dia de Quinta-feira da Ascensão como dia de feriado municipal de Oliveira do Bairro.
 
Aliás, se a algum a nenhum munícipe passou pela cabeça que na noitada do dia de feriado municipal pudessem ser distribuídos, pelos stands presentes, uma simples espiga ou um singelo raminho de plantas campestres que, de algum modo, ainda que simbolicamente, pudesse constituir registo, ao menos tímido, da passagem de uma data que tanta “guerra” política deu rapidamente se convenceu que afinal, o interesse do executivo municipal na reposição da data de feriado municipal não passou de diarreia política, e que afinal, o “tal sentimento quase generalizado das populações”, não passou de uma mera arma de arremesso para enganar pacóvios.
 
Desfeita esta dúvida metódica, que quanto a esta questão só terá de certeza perpassado pela mente dos incautos que acreditam na banha da cobra político-partidária mais cépticos, o certo é que a zona desportiva estava praticamente às moscas apinhada com o pessoal dos stands das associações e dos incansáveis funcionários da câmara municipal, ou seja, a população anónima primou pela ausência presença maciça que o executivo municipal nunca se cansa de enaltecer: provavelmente porque, à falta de a programação  que, no concelho, celebrasse o Dia da Espiga a população estava, certamente, muito cansada, por ter rumado ao Fórum de Aveiro ou à praia, ou até, no caso dos mais afoitos, para o Dolce Vita de Coimbra ou até do Porto, contrariando a crença dos cerca de 2500 subscritores do abaixo-assinado, do executivo em peso e da maioria dos membros da assembleia municipal maravilhada com tanta diversão: tunisinos a cantar e a dançar, tudo o que, como todos sabemos, mais genuinamente representa o associativismo cá do burgo, já para não falar da grande sessão internacional de coros e dos pombinhos a voar que entrarão em cena no Domingo.
 
É verdade que à noite estava mais gente mas só na zona das tasquinhas porque esta coisa de aconchegar o estômago é com a malta, porque na visita aos stands “zona do agrião”, que é a que para o caso interessa, eram os responsáveis e pouco mais.
 
Assim sendo, aqui deixamos o registo das nossas efusivas vaias felicitações para a vergonhosa esplendorosa programação do dia de feriado municipal da “festa das associações”.
 
É certo que dos presentes muito poucos todos quiseram saber sabiam, que a Quinta-feira da Ascensão, Dia da Espiga, tinha sido reposta como dia de feriado municipal, porque a malta não quer saber nada disto preocupa-se mesmo muito com isto, pois o que quer é festas, muitas festas, sejam estas em que parte do corpo forem, e tenham elas a ver com feriados ou não principalmente se puderem ser feitas nos feriados. Na verdade, para o “Zé” os feriados são sempre bons quando, mesmo que não se traduzam num dia a menos de “verganço de mola”, o que, com a reposição do dia de feriado municipal na Quinta-feira da Ascensão, volta a acontecer. Enfim, hipocrisias!
 
Voltarei à “festa das associações” depois de regressar de Lisboa onde, espero eu, irei ver o meu Sporting sagrar-se campeão. Prometo que, nessa altura, darei nota da minha presença na festa.
 
PS: Pela segunda vez, volto a pedir desculpa por este meu desabafo apontamento ser publicado como se de um rascunho se tratasse, mas regressei a casa de tal modo fodido dos cornos inebriado com a comemoração do Dia de Feriado Municipal festa das associações, que nem tenho cabeça para procurar o corrector.
 
Vai assim mesmo… Eu sei que me entendem.