Querer
é quase sempre poder:
o que é excessivamente raro
é o querer.
Alexandre Herculano
Fui assistir à noitada da festa
das associações, que por mais que o
vereador (das obras municipais) apregoe que pode ter tudo a ver com o tal
momento que se quer de “convívio são e alegre entre as pessoas e as
instituições concelhias”, tal como se escreveu na nota de abertura de agenda
municipal, ou como alguém mandou o vereador
das outras obras (as ditas particulares) dizer o tal momento excepcional
para a população “ver e ouvir muito do que se vai fazendo no concelho em
matéria de associativismo”, tal como se leu na brilhante entrevista publicada na imprensa local.
Por isso mesmo, e tendo em conta
estes oportunos esclarecimentos de
cácarácácá, todo o concelho ficou a saber, sem margem para quaisquer
dúvidas, que este evento de modo algum
constitui um deprimente e vergonhoso
registo comemorativo do renascimento do dia de Quinta-feira da Ascensão como
dia de feriado municipal de Oliveira do Bairro.
Aliás, se a algum a nenhum munícipe passou pela cabeça que na noitada do
dia de feriado municipal pudessem ser distribuídos, pelos stands presentes, uma simples espiga ou um singelo raminho de plantas
campestres que, de algum modo, ainda que simbolicamente, pudesse constituir
registo, ao menos tímido, da passagem de uma data que tanta “guerra” política
deu rapidamente se convenceu que afinal, o
interesse do executivo municipal na reposição da data de feriado municipal não
passou de diarreia política, e que afinal, o “tal sentimento quase generalizado
das populações”, não passou de uma mera arma de arremesso para enganar pacóvios.
Desfeita esta dúvida metódica, que quanto a esta questão só
terá de certeza perpassado pela mente dos incautos
que acreditam na banha da cobra político-partidária mais cépticos, o certo
é que a zona desportiva estava praticamente
às moscas apinhada com o pessoal dos
stands das associações e dos incansáveis funcionários da câmara municipal,
ou seja, a população anónima primou pela ausência
presença maciça que o executivo municipal nunca se cansa de enaltecer:
provavelmente porque, à falta de a
programação que, no concelho, celebrasse
o Dia da Espiga a população estava, certamente,
muito cansada, por ter rumado ao Fórum de Aveiro ou à praia, ou até, no caso
dos mais afoitos, para o Dolce Vita de Coimbra ou até do Porto, contrariando a
crença dos cerca de 2500 subscritores do abaixo-assinado, do executivo em peso
e da maioria dos membros da assembleia municipal maravilhada com tanta
diversão: tunisinos a cantar e a dançar, tudo o que, como todos sabemos, mais
genuinamente representa o associativismo cá do burgo, já para não falar da
grande sessão internacional de coros e dos pombinhos a voar que entrarão em
cena no Domingo.
É verdade que à noite estava
mais gente mas só na zona das tasquinhas
porque esta coisa de aconchegar o estômago é com a malta, porque na visita aos stands “zona do agrião”, que é
a que para o caso interessa, eram os responsáveis e pouco mais.
Assim sendo, aqui deixamos o
registo das nossas efusivas vaias
felicitações para a vergonhosa
esplendorosa programação do dia de feriado
municipal da “festa das associações”.
É certo que dos presentes muito poucos todos quiseram saber sabiam, que a Quinta-feira da Ascensão, Dia da
Espiga, tinha sido reposta como dia de feriado municipal, porque a malta não quer saber nada disto preocupa-se
mesmo muito com isto, pois o que quer é festas, muitas festas, sejam estas em
que parte do corpo forem, e tenham elas a
ver com feriados ou não principalmente se puderem ser feitas nos feriados.
Na verdade, para o “Zé” os feriados só
são sempre bons quando, mesmo que não
se traduzam num dia a menos de “verganço de mola”, o que, com a reposição do dia de feriado municipal na Quinta-feira da
Ascensão, volta a acontecer. Enfim, hipocrisias!
Voltarei à “festa das
associações” depois de regressar de Lisboa onde, espero eu, irei ver o meu
Sporting sagrar-se campeão. Prometo que, nessa altura, darei nota da minha
presença na festa.
PS: Pela segunda vez, volto a
pedir desculpa por este meu desabafo
apontamento ser publicado como se de um rascunho se tratasse, mas regressei a
casa de tal modo fodido dos cornos
inebriado com a comemoração do Dia de
Feriado Municipal festa das associações, que nem tenho cabeça para procurar
o corrector.
Vai assim mesmo… Eu sei que me
entendem.