terça-feira, 24 de março de 2015

PAPAS E BOLOS

António Marinho (AM) simulou uma entrevista a António Marinho e Pinto (AMP), num artigo de opinião para o Expresso, porque o seu partido não pode concorrer nas eleições na Madeira.
 
Uns dias antes tinha escrito um artigo de opinião para o CM em que desancava os jornalistas. A este propósito desencantei no baú da imaginação uma outra entrevista de AM a AMP.

AM - Acusou quatro jornalistas de quererem trabalhar para si "ao serviço de interesses hostis aos valores éticos do jornalismo". Por que razão não dá nome aos "mercenários"?
AMP - E isso interessa?
 
AM - Se não o faz, generaliza a acusação a todos os jornalistas.
AMP - O que eu quis dizer é que é preciso um combate cívico pela redignificação ética da informação ou, se quisermos, contra a "mercenarização" do jornalismo.
 
AM - É a sua opinião. Mas, para que isso aconteça, talvez fosse bom apresentar queixa contra esses jornalistas junto do sindicato, da comissão da carteira profissional, da ERC...
AMP - Não perca tempo. Se me está a fazer essas perguntas é porque leu o meu artigo e sabe que eu também digo que tenho andado às turras com a comunicação social, sobretudo com alguns dos muitos mercenários que nela se aninharam. Tenho má imprensa, quer que ela fique pior?
 
AM - Desculpe a comparação, mas faz-me lembrar aquele advogado que, achando que tinha razões de queixa, mandou uma jornalista tomar banho.
AMP - Não diga disparates. Está ao serviço de quem?
 
AM - Do jornal que vai publicar esta entrevista.
AMP - Está bem. Diga lá...
 
AM - Esta entrevista está a ser gravada e poderá confirmar depois que as perguntas que lhe faço são as que serão publicadas. Diz no seu artigo que já lhe aconteceu não ser assim...
AMP - Pois já, com jornalistas que são zelosos cúmplices capturados pelo sistema político.
 
AM - Mas as entrevistas são gravadas. Se lhe alteraram a entrevista por que razão não fez queixa contra esses jornalistas?
AMP - Estou a vê-lo muito incomodado por eu dizer umas verdades sobre os jornalistas. Não gosta de ouvir, não é? Também faz parte dessa classe...
 
AM - Olhe que eu não sou jornalista.
AMP - Não é!?
 
AM - Não. Já fui, mas agora sou advogado e político.
AMP - Pois, vi logo! Faz parte da classe dos facilitadores e está na política para arranjar um tacho.
 
AM - Lá está o António Marinho e Pinto a fazer generalizações. Só vim aqui fazer-lhe umas perguntas porque também quero ética no jornalismo. E, já agora, na política.
AMP - Pois, pois! Com papas e bolos se enganam os tolos.
 
Paulo Baldaia, aqui