NA TERRA DOS PINGUINS...
Passeava o Urso Branco a sua indolente figura pelos desertos gelados do Polo Sul, quando, espremendo os olhos cansados de tanto branco, divisou ao longe uma coisa de muitas cores, planta, flor ou bicho, de estranhar naqueles sítios.
Foi-se aproximando e, à medida que se aproximava, ia contando as cores: "Verde, azul, amarelo, vermelho, castanho... É um arco-íris concentrado e mexe. O que será?"
A tal coisa, quando o urso lhe chegou o focinho, apresentou-se:
- Sou um papagaio e ando em viagem. Que frio que está por aqui! Ainda não pensaram em aquecer este gelo todo?
- Donde veio Vossa Excelência?
Da Amazónia, no Brasil, uma maravilha de terra...
- Mas Vossa Excelência veio-se embora... - interrompeu, timidamente, o Urso.
- Por causa dos papagaios, amigo. Há lá papagaios a mais. Papagaios, araras, catatuas, periquitos... Muita concorrência, sabe! Além disso, gosto de viajar. Mas, irra, que já tenho os pés frios de estar sempre no mesmo sítio. Vamos dar uma voltinha?
- Mas Vossa Excelência veio-se embora... - interrompeu, timidamente, o Urso.
- Por causa dos papagaios, amigo. Há lá papagaios a mais. Papagaios, araras, catatuas, periquitos... Muita concorrência, sabe! Além disso, gosto de viajar. Mas, irra, que já tenho os pés frios de estar sempre no mesmo sítio. Vamos dar uma voltinha?
Foram. O papagaio à frente, aos saltinhos, o urso atrás, pesadamente.
- Não há mais bichos nesta terra pasmada? - perguntou o papagaio.
- Há pinguins - informou o urso. - Milhares de pinguins.
- Apresente-me esses tais pinguins, que devem ser bacanas.
Muitos pinguins juntos fazem um bocado de impressão. Mas o papagaio não se impressionou. Quando eles o viram, rodearam-no, cheios de curiosidade.
- É um pinguim às cores - disse um dos pinguins.
- Não há mais bichos nesta terra pasmada? - perguntou o papagaio.
- Há pinguins - informou o urso. - Milhares de pinguins.
- Apresente-me esses tais pinguins, que devem ser bacanas.
Muitos pinguins juntos fazem um bocado de impressão. Mas o papagaio não se impressionou. Quando eles o viram, rodearam-no, cheios de curiosidade.
- É um pinguim às cores - disse um dos pinguins.
Os outros repetiram:
- É um pinguim às cores.
- É um pinguim às cores.
O urso ia explicar que se tinham enganado, mas o papagaio abafou-lhe as palavras, com um discurso improvisado:
- Sim, amigos, sou dos vossos. Vim procurar a vossa companhia para vos explicar as cores e para vos ensinar a comportarem-se como pinguins do nosso tempo. Muito têm a aprender comigo. Para começar, vou ensinar-vos a voar.
- Sim, amigos, sou dos vossos. Vim procurar a vossa companhia para vos explicar as cores e para vos ensinar a comportarem-se como pinguins do nosso tempo. Muito têm a aprender comigo. Para começar, vou ensinar-vos a voar.
Foi uma aclamação geral. O urso que tinha adormecido, entretanto, acordou sobressaltado e perguntou a um pinguim que agitava desesperadamente as asas minúsculas:
- O que aconteceu? Foi choque de icebergues?
- Nada disso. O pinguim colorido está a ensinar-nos a voar. Vamos proclamá-lo rei, rei dos pinguins.
- O que aconteceu? Foi choque de icebergues?
- Nada disso. O pinguim colorido está a ensinar-nos a voar. Vamos proclamá-lo rei, rei dos pinguins.
Aquilo já não interessava ao Urso Branco. Virou-se para o outro lado e voltou a fechar os olhos. Mas, antes de adormecer, ainda sentenciou:
- Em terra de pinguins pretos e brancos, qualquer fruta-cores é rei.
E adormeceu, definitivamente.
- Em terra de pinguins pretos e brancos, qualquer fruta-cores é rei.
E adormeceu, definitivamente.
António Torrado | Cristina Malaquias, aqui