Então, temos uma moção de censura ao Governo.
Vocês sabem, aquele Governo que no domingo passado teve uma derrota eleitoral. A próxima vez que ele for a votos, o que será em breve com a tal moção de censura, o Governo ganha.
Naturalmente, porque no Parlamento os partidos que apoiam o Governo têm maioria. Quer dizer, a moção de censura servirá para fazer esquecer a derrota recente. Pergunta-se: portanto, a moção de censura, que pretende ser de protesto e vai ter efeito contrário, é tola? Resposta: não é, porque a moção é posta pelo PCP.
Até aqui, pois, a notícia da moção de censura tem pouca importância, mas está dentro da lógica das coisas. Aqui chegados, passou-se a uma nova situação: ontem, António José Seguro disse que iria votar a moção do PCP, apesar de ser "um claro frete ao Governo." Isto já não é joguinho, é tolice da grossa.
O PS, que quer ser a oposição ao Governo, aceita ser acólito de uma iniciativa em que ele próprio não crê e que serve o adversário... António José Seguro não sabe, perante o aviso dos seus resultados eleitorais pífios, reagir com força e inteligência.
E nele isso é um caso irremediável: vê-se na cara.
Ferreira Fernandes, aqui