A coligação PSD/CDS convidou o candidato do Partido Popular Europeu à Comissão Europeia a visitar Portugal.
Nessa curta viagem, Jean-Claude Juncker pretendia ajudar à difícil tarefa de convencer o eleitorado das vantagens do voto nos dois partidos que nos trouxeram até à saída limpa que reconheceremos (ou talvez não) nas urnas daqui a uma semana.
O candidato do PPE continua: "Quando [o "português" Colombo] partia nunca sabia para onde ia, quando chegava nunca sabia onde estava". A analogia do homem - que os menos esclarecidos poderão confundir com o famoso industrial de esquentadores - não termina aqui: "Era o contribuinte que pagava a viagem. É desta forma que procedem os socialistas dos nossos dias", rematou o ex-presidente do Eurogrupo.
A metáfora não viajou apenas por mares historicamente pouco navegados. Os últimos anos de navegação dos portugueses, todos sabemos, foram vividos em águas agitadas. E o capitão deste barco, ainda um pouco à deriva, tem um nome: Pedro Passos Coelho. Um navegador que, tal como o Colombo de Juncker, talvez não saiba exatamente onde está nem quando chega ao fim de uma viagem, colocando igualmente nas costas - e contas - dos contribuintes as despesas de tão avultada odisseia.
A tirada de Jucker arrisca-se, todavia, a passar despercebida no meio do disparate generalizado em que se transformou a campanha eleitoral para as europeias. Uma campanha onde se discute tudo menos a Europa em crise profunda e em que os cidadãos quase não dão pela passagem das caravanas partidárias. A mobilização, por sua vez, reduziu-se ao mínimo denominador, transferindo-se para redes sociais e outros sinais exteriores de pretensa modernidade. Ignorados pelo "país" de Colombo, Rangel, Assis e companhia apelam ao voto.
Face a tal indiferença e vazio discursivo sobre a Europa, vinga o disparate e o "fait divers". Ora de Nuno "trauliteiro" Melo, ora de Paulo Rangel. Os candidatos, que sobre a Europa nada disseram, mas que sobre Sócrates e as "selfies" dos cartazes socialistas têm tanto para dizer, bem poderiam ter evitado a triste figura de, em Aveiro, ter montado uma bicicleta.
É que nas bicicletas, tal como na política, todos sabemos que só se anda bem quando se olha em frente, para o horizonte, e não para a roda, como fez Rangel à frente das câmaras de televisão. Percebe-se este desequilíbrio. O PSD anda nervoso com o desfecho do resultado eleitoral, do impacto que ele pode ter na coligação governamental e, consequentemente, na convocação antecipada de legislativas. E a coisa só vai agravar com um "ovo de Colombo" como o de Juncker. Os socialistas, de ideias igualmente ocas, agradecem.
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