Ninguém vive sem acreditar. É a fé que nos abre as portas do mundo. Uma graça que nos lança para diante, que nos propõe a liberdade de uma vida nova, que busca e encontra o que os olhos não vêem e as mãos não tocam.
A existência humana é um mistério que se mostra através de sinais. Só a fé nos revela a verdade de nós mesmos. Confiar é abrir-se e aceitar o que se abre a nós. A fé é o que permite ao homem viver com sentido, ter a coragem de ser feliz, acolhendo a graça até mesmo na desgraça.
Quando amo, tenho fé em alguém, estou convicto do seu valor: uma certeza que se prova, mas não se demonstra, que é capaz de me mover e comover até ao melhor de mim. Um abandono confiante que arrisca tudo ao encontro com o outro. Uma vontade de me dar e de me abrir.
A fé é sempre num outro. Eu próprio, na minha maior bondade, sou um outro em que acredito. Talvez por isso não haja homem mais pobre do que aquele que perdeu a fé no amor, porque assim se perdeu de si mesmo.
Nem tudo pode ser compreendido. Mas não deixa, por isso, de ser verdade. Para compreender é preciso amar. Mas ninguém é capaz de amar quando vive desconfiado e sem esperança. A fé complementa a razão.
O amor é o princípio e a perfeição de qualquer relação, na medida em que se torna a firme esperança que ilumina todo o caminho a partir do seu destino.
Acreditar é o primeiro passo para a criação neste mundo do milagre do amor. Sempre que duas mãos livres e abertas se encontram, rezam.
José Luis Nunes Martins, aqui