quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

RECLUSOS AO TRABALHO

Parece que os 4 feriados (roubados na habitual língua destemperada do PCP, que apresentou, na semana passada, um projecto de lei) estarão em vias de ser repostos

Religiosos ou meramente civis, eles foram abolidos (palavra menos bruta, exigida pela maioria na AR) em nome da produtividade e crescimento económico do país. Não foi por que nada tenha adiantado à economia que o projecto foi chumbado pelas bancadas do PSD e CDS. 

É que não chegou a hora H. Nem sequer começou a campanha para as Eleições Europeias. Talvez em cima de qualquer eleição que mais convenha, isso venha a acontecer. Na verdade, quem praticou toda a espécie de cortes, sacrificando brutalmente os portugueses, sobretudo os que menos podem, também era capaz de chegar à supressão de feriados, o que supostamente só veio beneficiar os patrões. 

Quando o governo não conseguiu mexer grande palha para a reforma do Estado (pouco mais do que palha será o guião de Portas de que nunca mais se ouviu falar). Tão pouco ousou tocar nos grandes grupos económicos. Foi mais um desabafo de alma do PCP, que se prolongou no sábado de greve. Com slogans gastos. 

A esquerda teima em não ver (não quer mesmo ver) os contínuos sinais de alguma recuperação económica, ainda que ténues. Teimam em não ver as evidências. Claro que para a baixa do desemprego, conta a emigração de muitos jovens, mas sempre haverá milhares a recuperar o emprego. Lamentável é que as bolsas para os jovens investigadores lhes sejam também cortadas, quando só a massa cinzenta é capaz de fazer andar um país. Esta coisa será ainda mais estúpida do que abolir os feriados. 

Quem irá trabalhar no exterior das prisões são os reclusos. Pelo menos, segundo a Ministra da Justiça, dos 14.291 presos que temos de alimentar, dar mesa e cama lavada e televisão, 5000 já estão a receber formação. O emprego passa por trabalhos de limpeza das matas e ainda e alargamento das alas das prisões, recebendo por isso. Não há planos para construção de novas cadeias, quando o número de criminosos aumenta todos os dias. Não é novidade. 

Salazar já utilizava esta terapia na construção de alguns bons tribunais, ainda de pé. É suposto a ministra ter mais êxito neta medida do que na de listar os predadores sexuais de crianças. 

A medida não protegerá a vida privada dos cidadãos.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Fevereiro de 2014