A faculdade é uma espécie de TGV que o transporta do secundário ao mercado de trabalho. Está na altura de se preparar para o que vai encontrar quando sair na última paragem e esquecer algumas histórias que ouve durante a viagem.
Muitos universitários crescem com a noção de que aprender é ir às aulas. Basta estar lá para cumprir a missão.
Não interessa se estão com atenção, se fazem perguntas, se acrescentam um ponto de vista diferente. Mas quando chegarem ao mercado de trabalho a postura não pode ser esta. Não basta aparecer, é preciso mais para justificar o que lhe pagam no final do mês. Por isso, quanto mais cedo mudar de atitude, melhor para si.
O primeiro passo é tomar consciência de que há um mundo além da faculdade, dos exames, dos amigos e das saídas. É preciso acordar para a vida e perceber que há algumas frases que tem ouvido toda a vida, e que afinal, não correspondem exatamente à verdade.
1- É o melhor em tudo o que faz
Essa é a opinião dos seus pais e, na melhor das hipóteses, do professor de Química Física de Polímeros (disciplina com a qual você engraçou e conseguiu uma excelente nota), mas as universidades estão cheias de estudantes com o seu nível e, pior, com alguns mais brilhantes. Aproveite o curso para ser ainda melhor em tudo o que faz e para ganhar disciplina e método de trabalho - qualidades que vão abrilhantar o seu currículo e lhe serão muito úteis quando chegar ao mercado de trabalho.
2- Tem de ser sempre perfeito
Esqueça essa ideia feita, pois vai falhar imensas vezes ao longo da vida e é importante que esteja preparado para lidar com isso. Falhar é o melhor treino para o sucesso. Se não conseguir ser o melhor aluno da turma ou arranjar um emprego assim que termina o curso, não faz mal. A vida não é uma sucessão de recordes. O importante é que continue a batalhar até atingir o que quer e que nunca perca a perseverança e a garra para se levantar sempre que cair. Os super-heróis só existem na ficção.
3- Só será bem-sucedido se for para a universidade XPTO
É verdade que para as empresas mais disputadas o nome da universidade é um bom início de conversa, mas um currículo que seja capaz de destacar o seu empenho ao longo do curso, o conjunto de atividades em que se envolveu na faculdade, ou o mês de voluntariado na Índia profunda, por exemplo, podem produzir o mesmo efeito.
4- Basta um diploma para conseguir um bom emprego
O diploma é o que impede o seu currículo de ir direto para o lixo, mas vale pouco mais do que isso. O que conta para chegar à entrevista de recrutamento é a experiência que vai ganhando em atividades paralelas ao curso. E para conseguir o emprego será preciso mostrar que tem competências (pessoais e técnicas) para a função.
5- Deve concentrar-se a 100% no estudo
Ao dizerem-lhe isso os seus pais têm razão e as melhores intenções, mas a verdade é que uma boa média não lhe garante o emprego a seguir. Ao mesmo tempo que estuda, vai ter de deitar a mão a outros trunfos para mostrar que está preparado para assumir responsabilidades. Uma média de 18 valores que não é acompanhada por sinais visíveis de liderança, espirito de equipa, foco nos resultados, capacidade de iniciativa, de interação e de resiliência, não tem qualquer impacte junto dos recrutadores. Trate de desenvolver todas estas competências enquanto estuda ou vai ser impossível distinguir-se entre as centenas de candidatos que têm uma média final igual (ou superior...) à sua.
6- Vai ter saudades dos tempos de faculdade
Não é necessariamente verdade. O trabalho traz novas responsabilidades e todos os dias tem de se mostrar à altura do lugar que ocupa, mas para quem tem ambição, gosta de aprender, de se superar, e anseia pela independência, pode ser um desafio mais estimulante do que a universidade. Finalmente, pode colocar em prática o que aprendeu no curso e a cada dia aprende mais alguma coisa. E mesmo quando é preciso fazer uma noitada, estará a trabalhar numa área que gosta e não a estudar uma daquelas disciplinas cuja utilidade ainda não percebeu.
7- Tem de cumprir os mínimo
No mundo do trabalho se fizer apenas o esperado não terá emprego por muito tempo. Não é como ir às aulas e limitar-se a ouvir o professor. Numa empresa tem de estar diariamente preparado para fazer e responder a perguntas, e para dar o seu contributo para a resolução de problemas, em vez de ficar à espera que alguém lhe diga qual é a solução. É preciso estar atento a tudo o que se passa à volta para ajudar a empresa a distinguir-se dos concorrentes. E quando lhe antecipam a data de entrega de um relatório ou lhe marcam uma reunião em Coimbra às 9h do dia seguinte, nem vale a pena tentar negociar. Acabaram-se os testes com dia e hora marcados. Agora as suas capacidades e competências são testadas a qualquer altura.
8- O primeiro emprego define a sua carreira
Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathway e o quarto homem mais rico do mundo segundo a "Forbes", começou por distribuir jornais numa bicicleta quando tinha 13 anos e hoje é o investidor mais respeitado em todo o mundo. O primeiro emprego de Michael Bloomberg, fundador do grupo de media Bloomberg e ex-Mayor de Nova Iorque, que tem uma fortuna avaliada em quase 20 mil milhões de euros, foi num parque de estacionamento enquanto estudava em Harvard. Mesmo que queira fazer carreira na indústria e comece com um emprego numa consultora, o que importa é tirar o máximo partido dessa experiência para ganhar balanço para voos mais altos. É assim que conseguirá pousar mais rapidamente no emprego dos seus sonhos.
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