O governo,
ou o melhor, o PSD, como se nada mais houvesse de importante e urgente a tratar
para autenticar e criar solidez aos bons sinais do início do ano, relativamente
à economia (menos 20% de
falências e maior aumento de criação de novas empresas, diminuição do
desemprego pelo nono mês consecutivo, aumento das exportações, o cumprimento do
défice, a ida aos mercados com êxito e a juros mais baixos, embora longe ainda
da Irlanda e da Espanha, cujo governo teve a moral e a honradez de não atacar
as pensões dos idosos para atingir o défice imposto, o PSD meteu-se em
aventuras.
Conseguiu aprovar um referendo para aprovação ou não da adopção ou
co-adopção de crianças por parte dos casais gay. Tudo o que sejam medidas que
concorram para a destruturação da família normal (aborto, uniões de facto,
“casamento” de homossexuais e lésbicas) tem tido o apadrinhamento do PSD, não
se diferenciando do PS, PC e BES, para, de forma irresponsável, dar uma de
modernidade…
Perante tantos problemas a resolver para colocar o país nos carris
seguros, como fazer cortes em grupos de interesses (é o cortas) e nas rendas
das empresas público-privadas, o governo, que não cria medidas a favor da
família tradicional nem aumento da natalidade, antes foram suprimidos os abonos
e aumentados os cortes e o desemprego,
criou com esta brincadeira uma manobra de diversão, mesmo sabendo que o CDS não
ia votar a proposta, extemporânea, que partiu da JSD que, vê-se, não tem mais
que fazer. Não fora a imposta disciplina do voto, uma espécie de sequestro de
consciências, e tinha sido um fracasso.
Além disso, algumas feridas deixou na
coligação. Ao grande número de declarações de voto de deputados do PSD, há uma
baixa que deve fazer pensar, a demissão da vice-presidente da bancada laranja.
Teresa Leal Coelho qualificou a iniciativa de “lamentável”.
Para quê tudo isto,
se a lei que visa a co-adopção gay, já tinha sido aprovada na generalidade no
mês de Maio, estando para a breve a provação final?
Se o povo português não foi
consultado para a adesão europeia ou para ser um protectorado da Europa (ou da
Troika), que raio deu a esta gente para querer esbanjar dinheiro (9 milhões de
euros) desta insensata maneira, como se já não bastassem as próximas eleições
para a UE?
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 23 de Janeiro de 2014