quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

QUE RICO PAI-NATAL!


O governo, sempre a ousar pisar o risco, sofreu, na semana passada, mais um revés na sua cavalgada na caça ao dinheiro, neste caso às pensões dos funcionários públicos (corte de 10%)

Invocava a necessidade da convergências de pensões entre o público e o privado, reforma que é justo fazer-se, sem pressas, mas os juízes do Tribunal Constitucional (TC) entenderam que era uma “medida avulsa” e havia violação da protecção de confiança decorrente do Estado de Direito. 

Toda a esquerda rejubilou e Jerónimo de Sousa, obcecado com o derrube do governo, logo gritou pela sua demissão. Os ministros parece que fazem orelhas moucas, desafiam a Constituição, já ultrapassada, mas é a que temos, desafiam e pressionam os seus guardiãos (como todos os outros partidos, cada um a seu modo). Mas quem mais se contentou foram os pensionistas da função pública, quando alguns nunca descontaram um cêntimo e hoje recebem centenas de euros. 

O TC foi o seu grande e generoso Pai Natal, livrando-os de cortes nas pensões. O chumbo deixou um buraco de 710 milhões de euros, que temos de pagar. Receberam a prenda de Natal 302 mil pensionistas por aposentação e 34 mil por sobrevivência. Foram uns sortudos. E ainda dizem que os portugueses são todos iguais ou que algumas classes do funcionalismo público não têm privilégios! 

O governo de uma vez por todas tem de tomar bom senso e bom rumo e têm de lembrar-se que os constitucionalistas que consulta ou não merecem crédito bastante ou estão sempre do lado quem lhes paga. Não pode calcar riscos para evitar mais trapalhadas. Outra trapalhada foi o exame de avaliação dos professores. 

Nuno Crato saiu-se mal. Mas também alguns professores se portaram como meros sindicalistas, se é que o não eram. Aquela professora, tresandando veneno ideológico, ao rasgar as provas, deixou uma deplorável imagem que a TV passou, passou. Se Crato não esteve bem nem disse claramente que o exame se destinava a mandar para a rua mais alguns, há realmente professores que não estão preparados para ser mestres. 

Aqui estou com L. Marque Guedes que afirmou: “não há nenhum pai que possa ficar sossegado se achar que alguma daquelas pessoas possa ser professor de um filho seu”. Têm direito à greve, mas têm de dar-se ao respeito e portarem-se à altura do seu estatuto. 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 26 de Dezembro de 2013