O governo,
sempre a ousar pisar o risco, sofreu, na semana passada, mais um revés na sua
cavalgada na caça ao dinheiro, neste caso às pensões dos funcionários públicos
(corte de 10%).
Invocava a necessidade da convergências de pensões entre o
público e o privado, reforma que é justo fazer-se, sem pressas, mas os juízes
do Tribunal Constitucional (TC) entenderam que era uma “medida avulsa” e havia
violação da protecção de confiança decorrente do Estado de Direito.
Toda a
esquerda rejubilou e Jerónimo de Sousa, obcecado com o derrube do governo, logo
gritou pela sua demissão. Os ministros parece que fazem orelhas moucas,
desafiam a Constituição, já ultrapassada, mas é a que temos, desafiam e
pressionam os seus guardiãos (como todos os outros partidos, cada um a seu
modo). Mas quem mais se contentou foram os pensionistas da função pública,
quando alguns nunca descontaram um cêntimo e hoje recebem centenas de euros.
O
TC foi o seu grande e generoso Pai Natal, livrando-os de cortes nas pensões. O
chumbo deixou um buraco de 710 milhões de euros, que temos de pagar. Receberam
a prenda de Natal 302 mil pensionistas por aposentação e 34 mil por
sobrevivência. Foram uns sortudos. E ainda dizem que os portugueses são todos
iguais ou que algumas classes do funcionalismo público não têm privilégios!
O
governo de uma vez por todas tem de tomar bom senso e bom rumo e têm de
lembrar-se que os constitucionalistas que consulta ou não merecem crédito
bastante ou estão sempre do lado quem lhes paga. Não pode calcar riscos para
evitar mais trapalhadas. Outra trapalhada foi o exame de avaliação dos
professores.
Nuno Crato saiu-se mal. Mas também alguns professores se portaram
como meros sindicalistas, se é que o não eram. Aquela professora, tresandando
veneno ideológico, ao rasgar as provas, deixou uma deplorável imagem que a TV
passou, passou. Se Crato não esteve bem nem disse claramente que o exame se
destinava a mandar para a rua mais alguns, há realmente professores que não
estão preparados para ser mestres.
Aqui estou com L. Marque Guedes que afirmou:
“não há nenhum pai que possa ficar sossegado se achar que alguma daquelas
pessoas possa ser professor de um filho seu”. Têm direito à greve, mas têm de
dar-se ao respeito e portarem-se à altura do seu estatuto.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 26 de Dezembro de 2013