terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ERA UMA VEZ...

JOCA E OS BOLOS
O Joca, quando vai visitar a avó, vem de lá sempre de barriga cheia. 

É que a avó do Joca é doceira e tem uma casa de chá. A bem dizer, a casa é de bolos, com chá para ensopar os bolos. 
- Já provaste este bolinho de amêndoas? - pergunta a avó do Joca ao Joca. 
Mesmo que já tenha provado, o Joca volta a provar. 
- Queres umas bolachinhas de manteiga? - pergunta a avó do Joca ao Joca. 
Não havia ele de querer? 

Mas a avó doce e terna não se esquece da filha, mãe do Joca, muito gulosa também. É de família. 
- Vais levar para casa esta meia dúzia de nozes douradas, que acabei de fazer - diz a avó ao neto. 
Ele não se incomoda com o peso, tanto mais que, a meio caminho, a meia dúzia está reduzida a metade? Quem já comeu três nozes entre uma casa e outra não poderá ainda, à porta de casa, comer mais uma? Pois pode. 
- Trago-te uma noz dourada que mandou a avó - diz à mãe o Joca, um descarado. 
- Só uma? - estranhou a mãe. - Não me digas que comeste as outras? Como fizeste isso? 
- Fiz assim - e o Joca mete à boca a última noz do embrulho.

António Torrado e Cristina Malaquias, aqui