quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CONTAS BARALHADAS


A economia da Zona Euro cresceu 0,1% no 3º trimestre, após dois anos de contracção

Mas o mais admirável é que a Irlanda saída da recessão, com o PIB a crescer 0,4%, encheu o peito de ar fresco e mandou às malvas qualquer Programa Cautelar (PC) e propõe-se ir aos mercados sózinha. 

Ora com o pé em frente e a ousadia deste país, ficamos nós sem saber o que aí vem, pós-troika. Novo resgate, (credo, abrenúncio!) ou Programa Cautelar. 

Hoje já não podemos dizer que a nossa situação é semelhante à da Irlanda, aproximamo-nos mais da Grécia de cujo exemplo tanto queríamos fugir. Portugal registou um crescimento em cadeia de 0.2% no 2º trimestre, graças ao turismo e ao consumo privado. 

Um tímido sinal positivo, saindo da recessão em que o país caiu no 4º trimestre de 2010, governo Sócrates. Apesar disso, o FMI, depois de reconhecer falhas na imposição da austeridade, pela boca de Lagarde, insiste no corte de salários e pensões Corte de salários de quem ganha fortunas ou muito mais do que é moral, corte em pensões e subvenções de quem nunca fez nada para merecê-las, sim, no restante, trata-se de insensível e injusta decisão. 

É roubar aos bolsos de quem ganha o salário mínimo, aos bolsos de quem já não assegura pão para a mesa dos filhos. A senhora não sabe o que são necessidades básicas e a Troika comporta-se como louca sanguessuga. Diga-se que a Irlanda também suportou pesados cortes, 15%, até nos ordenados dos políticos (cá onde se viu?, o que se viu foi os assessores e adjuntos dos adjuntos a  crescerem como tortulhos). 

Na Irlanda não houve o nosso regabofe e houve estadistas que souberam reformar o Estado e aplicar as medidas acertadas no tempo, no diálogo. Por cá, o PS só aceitará o PC em troca de eleições. Enquanto Soares virou guerreiro, atribuindo a outros, se calhar algo que lhe vai no íntimo: “há tipos que dizem que isto em Portugal só vai a tiro”, (à boa maneira republicana).Por nós pasmamos que um ex-presidente alemão tenha ido a tribunal por causa de 700€ que um cineasta lhe terá pago num hotel, para este exercer lóbi. 

Por cá continuam impunes traficantes de influências, ladrões, corruptos e políticos que desgraçaram o país.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 21 de Novembro de 2013